O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

12 Diário das Sessões do Senado

Santos estar a conversar nos corredores com alguns dos seus amigos.

Não lhes convinha que houvesse sessão.

Voa terminar, visto estar já cansado e abusar da paciência da Câmara. Termino por dizer que devemos votar a proposta do Govêrno para que não possamos ter responsabilidade, que são tremendas. Eu não quero essas responsabilidades; não as quero como magistrado, nem como homem.

Devemos, pois, habilitar o Govêrno a proceder. (Apoiados).

O orador não reviu.

O Sr. Ribeiro do Amaral: — Pedi a palavra para mandar para a Mesa o seguinte requerimento.

Leu.

O Sr. Presidente: — Observo a V. Exa. que o seu requerimento não pode ser apresentado nesta altura.

O Sr. Castro Lopes: — Na altura competente todos aqui estaremos para apreciar e resolver sôbre o requerimento do Sr. Ribeiro do Amaral.

O Sr. Machado Santos: — O Sr. Secretário de. Estado dos Abastecimentos não veio, como devia, munido de qualquer documento que possa justificar a proposta do Govêrno. Veio simplesmente dizer-nos que tinha visto umas fotografias relativas à greve ferroviária e que na sua Secretaria de Estado havia chefes que ganhavam 120$ por mês o que faziam serões, os quais eram pagos.

Pois eu direi que forçava, os empregados do que foi meu Ministério, e que hoje é a sua Secretaria de Estado, a trabalhar até de madrugada sem abonar serões aos chefes. Depois da minha saída do Govêrno é que os chefes passaram a ganhar pelos serões.

S. Exa. ,a devia informar-se bem antes de vir para aqui. Vê-se que nem sequer está ao facto do que se passa na Secretaria de Estado que lhe confiara.

Registo que o Sr. Secretário de Estado dos Abastecimentos, pedindo a palavra, não respondeu absolutamente nada àquilo que eu disse.

S. Exa. não soube responder a cousa alguma e com o seu silêncio apenas confirmou as minhas palavras.

O Sr. Cruz Azevedo (Secretário de Estado dos Abastecimentos): — Eu não tenho os documentos necessários, mas as informações que tenho é de que êsses funcionários entravam às 14 horas e saíam às 17 horas, para poderem fazer serões.

Vozes: — Ordem; ordem.

Uma voz: — Nós não estamos aqui a discutir a organização da Secretaria de Estado dos Abastecimentos.

O Orador: — Quando S. Exa. quiser trazer à Câmara êsse assunto, traga-o, que eu o discutirei. Mas tenha S. Exa. cautela com as informações que obtiver, não sejam tomadas à vol d'oiseau, porque, dentro desta sala, há mais alguém que sabe o que se passava nessa Secretaria de Estado outrora e o que se está passando agora.

O que eu lamento, repito, é que S. Exa., em vez de responder às considerações feitas sôbre a proposta, de lei em discussão, ficasse calado, e trouxesse apenas fotografias da greve dos caminhos de ferro do Sul e Sueste, fotografias que foram publicadas na Ilustração Portuguesa.

Isto só à gargalhada!

Quem não tem competência para ir ocupar êsse lugar retira-se.

O Sr. Cruz Azevedo (Secretário de Estado dos Abastecimentos): — Tenho honestidade!

O Orador: — Ninguêm lha nega, mas isso não basta; primeiro que tudo é necessário ter competência.

Vozes: — Ordem; ordem.

O Orador: — Tentou o ilustre leader da maioria responder ao que eu declarei. Fez um brilhante discurso, como é seu costume, mas a nada respondeu.

Citou S. Exa. o gesto do Sr. Presidente da República quando da sua segunda viagem ao Pôrto, pondo em liberdade os presos políticos que se encontravam nas cadeias da capital do norte, e, a propósito, referindo-se às palavras de censura