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Sessão de 13 de Dezembro de 1918 11

porque êsses oficiais trabalham. Não só dá dinheiro a ninguêm sem trabalhar.

É isto que deve ficar bem assente.

O orador não reviu.

O Sr. João José da Costa: — Sr. Presidente: é ainda com o coração repassado de dor que eu assisti à manifestação da pobre gente que se acercou das duas casas do Parlamento, pedindo, que lhes fossem entregues os chefes queridos, Eu, Sr. Presidente, quando há pouco se deu o atentado contra o Sr. Presidente da República, mandei uma moção para a Mesa; lamento que a Câmara não tivesse tomado conhecimento dela.

Como representante do comércio eu reprovo sempre todos os atentados sejam êles contra quem fôr e nesta ordem de ideás não podia em face do atentado ao Chefe do Estado ter outra atitude.

O comércio só quere trabalhar. Ora sucede que por virtude dos movimentos políticos de há dois meses encontram-se presos inúmeros comerciantes.

Ainda hoje recebi uma carta de um colega farmacêutico que se encontra preso no forte de Monsanto.

Pede-me êle que interceda a seu favor porque se acha preso sem saber porquê.

Nestas condições, Sr. Presidente, não compreendo que o Govêrno tenha necessidade de manter inocentes presos, para garantir a ordem pública, e eu bem melhor desejaria que o Govêrno restabelecesse o sossego na família portuguesa.

É êsse incentivo que a Historia nos dá. Assim vemos que no tempo da monarquia se mandavam deportar inumeráveis pessoas, e quanto maior era o número de presos maior era a quantidade de adeptos para os contrários.

E muito seria de folgar que no dia da festa da Família, a poucos dias próximo, pudessem todos ser libertos, aqueles,que estivessem presos sem culpa formada.

O Sr. Castro Lopes: — Não tinha tenção de entrar neste debate por que a minha falta de saúde mo inibia.

Mas, como Senador e como magistrado, não quero deixar de usar da palavra, principalmente depois de ter ouvido o Sr. Machado Santos.

Eu entendo que há factos de tamanha gravidade que ninguêm pode fazer afirmações que só podem lançar a perturbação.

Não é por um simples boato que repugna acreditar, como o da prisão no Govêrno Civil...

O Sr. Machado Santos: — Eu pedi à Câmara um inquérito.

O Orador: — Perfeitamente. Mas são boatos como êsse que muitas vezes concorrem para lançar a perturbação nos espíritos, e são as pessoas de máxima responsabilidade que têm a obrigação num dado momento de desfazer tais boatos, pelo menos não consentir que êles se espalhem.

Em quanto se não fizerem os necessários inquéritos não há direito de quem quer que seja formular tais acusações.

Ouvi aqui dizer que não se sabiam os motivos que determinaram o estado de sítio.

E de estranhar isso, após o que já aqui foi dito.

(Aparte do Sr. Machado Santos).

O Orador: — Compare-se a oposição feita ao Govêrno.

Quando da viagem do Sr. Presidente da República ao Pôrto foi muito censurada a sua acção ao libertar uns presos. Agora faça-se o contraste dessa atitude oposicionista.

Mas, foi posta a questão muito bem pelo Sr. Ernesto de Faria.

Agora quanto a não haver sessão por falta de número...

O Sr. Machado Santos:—Mas V. Exa. é o leader da maioria; queixe-se V. Exa. dos seus correligionários que não comparecem às sessões.

O Orador: — S. Exa. devia ter vindo falar o Sr. Ernesto de Faria, que disse não ser preciso um leader, porque aqui há homens de carácter.

O Sr. Machado Santos: — Mas V. Exa. aceitou, e muito bem, o título de leader da maioria.

O Orador: — Pois eu devo dizer, porque é uma necessidade, que se ontem não houve sessão foi devido ao Sr. Machado