O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

34 Diário das Sessões do Senado

Falando o Sr. Machado Santos numa carta a que se fez alusão na Câmara dos Deputados, já eu disse o que entendi poder expor a dentro da verdade.

Eu lembro que as declarações do Sr. Machado Santos são a demonstração evidente de que essa carta não pode ter crédito.

Disse-se que as forças que saíram dos quartéis foram comandas por João de Almeida.

Não é verdade.

Não vale a pena discutir documentos como a carta a que V. Exa. se referiu, e que disse conter inexactidões.

Muitas vezes êsses documentos são formulados para perturbar e intrigar ainda mais a opinião pública.

Mais uma vez, falando V. Exa. nas convicções religiosas de Sidónio Pais, se foi mexer num morto quando tanto respeito devíamos ter pelos mortos, e ainda maior por aquele grande morto. (Apoiados).

Era maçon, diz o Sr. Machado Santas. Eu não o soube nunca; mas como maçon, respeitou todas as convicções e crenças religiosas. Como maçon defendeu todas as liberdades e crenças. Como maçon pugnou por que se alterassem disposições dessa lei condenável, de Separação da Igreja e do Estado, que contém disposições que se não admitem e toleram em sistema republicano.

E V. Exa. pôs cerco eu o seu nome para essa modificação.

Quando digo isto comungo nas ideas de V. Exa. ideias que V. Exa. e defendeu quando outros protestavam. E eu estava ao lado de V. Exa.

Convicção religiosa tinha-a Sidónio Pais: tinha a religião do Bem, da Verdade, da Justiça, da Liberdade, e tinha-a como ninguêm. (Apoiado:).

Nenhuma disposição se encontrou nos seus papéis, após a sua morte, para que os funerais não fôssem religiosos.

O Govêrno fez o que devia fazer com toda a cautela: consultou a família a êsse respeito, e foi a família, foram os filhos que quiseram o enterro religioso.

Uma voz: — Muito bem. Não há que dar satisfações dêsses actos.

O Orador: — V. Exa. saber como eu tenho sido sempre; e se V. Exa. está
desgostoso, consiga dominar o seu espírito antes de fazer declarações que me confrangem e magoam, procure esclarecer-se da verdade, e depois fale.

Quanto à proibição da manifestação, devo dizer o seguinte:

Fui procurado no dia 28 de Dezembro pelo Sr. Dr. Sobral Campos, que me pediu autorização para fazer uma manifestação ao Sr. Presidente da República.

Disse que autorizaria esta manifestação, e pensava, para evitar qualquer conflito, que essa manifestação se poderia produzir sem que de maneira alguma constituísse uma provocação, visto que no dia 1 de Janeiro havia recepção em Belém ao Sr. Presidente d a República, manifestação essa que era nacional.

Os manifestantes não me disseram que iam e nenhuma resposta me deram, pelo que vi então que se tratava de uma manifestação especial.

Eu mão sabia que o fim dessa manifestação era outro e por isso tinha indicado o dia 1 de Janeiro, dia em que podiam todos os militares e civis cumprimentar êsse grande homem, que tantos sacrifícios está fazendo pelo bem do País.

Eu, Sr. Presidente, não estive em Portugal no dia 14 de Maio, mas não me esqueço dêsse criminoso movimento, não me esqueço que êle foi iniciado por um movimento dessa natureza.

Não me esqueço de que essa manifestação foi falta com o fim de preparar a opinião pública e aproveitar o momento para lançar a discórdia na família portuguesa.

Não se fez isso comigo, nem se há-de fazer.

Não foi, Sr. Presidente, por minha vontade que se proibiu essa manifestação, pois, o meu desejo seria deixá-la vir para a rua.

Foi o Sr. Presidente da República, que para evitar qualquer conflito, me disse que o seu maior desejo seria que essa manifestação fôsse proibida.

Ora o desejo de S. Exa. para mim era uma ordem, e como tal a cumpri.

Sr. Presidente: vou concluir as minhas considerações, mas antes disso quero referir-me a essa obra grandiosa do Sr. Sidónio Pais, obra que infelizmente foi esquecida do Sr. Machado Santos.

S. Exa. esqueceu-se dessa obra grandiosa da assistência instituída pela Sr. Sidónio Pais.