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30 Diário das Sessões do Senado

não esquecer que é ela a crise dos exércitos. Êsses oficiais assumiram umas responsabilidades tremendas perante a história e futuros acontecimentos políticos.

Queria-se um Govêrno forte?

Então um Govêrno deixa de ser forte só por que o Sr. Afonso de Melo e o general Corte Rial façam parte dêsse Govêrno!?

Govêrno forte era de João Franco e toda a gente sabe para que serviu essa fortaleza.

O Govêrno não pode sair airosamente da questão das juntas militares, emquanto não punir os oficiais que organizaram essas juntas. O exército é para manter-se às ordens do Poder Executivo, defendendo a ordem interna e a integridade nacional. É só para isso que se sustenta o exército.

E eu ponho a questão neste pé, para que mais tarde se possa fazer com verdade a história política do momento que passa e do procedimento dalguns oficiais do nosso exército.

Eu peço ao Sr. Presidente do Ministério o obséquio de me dizer alguma cousa relativamente aos graves acontecimentos que se têm passado em Vila Rial e que são já obra das juntas, sabendo-se que ali lá já a guerra civil.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior: - João Tamagnini de Sousa Barbosa): — Sr. Presidente: eu devo dizer a V. Exa. e á Câmara que, sôbre os acontecimentos de Vila Rial, não tenho até à data nenhuma comunicação oficial, a não ser a que me foi transmitida directamente pelo actual governador civil do Porto.

Sei apenas pelo telefone que os acontecimentos de Vila Real, parece estarem sanados; porêm, como já tinha dito, nenhuma comunicação oficial tenho de facto.

Eu devo declarar a V. Exa. e à Câmara o seguinte:

Em face da situação criada pelas Juntas militares, o Govêrno não podia deixar da actuar de qualquer forma: porêm eu confesso à Câmara que não quis tomar sôbre mim a responsabilidade de ser o primeiro a ordenar o disparo de um tiro.

Medi bem o alcance da situação, pensei bem as consequências que daí poderiam advir.

Devo declarar á Câmara que a concentração de fôrças que se fez não foi para atacar, mas sim para qualquer defesa.

Essa concentração de fôrças fez-se na Régua, onde só concentraram mil e tantos homens de infantaria e doutras armas, sob o comando do general da divisão que era o Sr. Barbosa, oficial distintíssimo e que conseguiu com as fôrças fiéis ao Govêrno, e sem disparar um tiro, o fim que se desejava. Mais tarde recebi no meu gabinete um telegrama do coronel do regimento, pedindo-me a demissão do comando da divisão, em vista do que tive de ordenar, por intermédio do Ministério da Guerra, que êsse comando fôsse entregue ao oficial mais graduado e que foi o Sr. Coronel Carvalho.

O Sr. Orador: — E êsse oficial era da confiança do Govêrno?

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Tamagnini Barbosa): — Devo dizer a V. Exa. que todos os oficiais são da confiança do Govêrno.

O comandante das fôrças que estavam na Régua, e noto a Câmara que isto deu--se na madrugada do dia 7, ainda não haviam chegado ao Pôrto os delegados que eram portadores da solução do conflito, seguiu sôbre Vila Rial, o, segundo informações, houve troca de tiros. Essas informações foram recebidas por mim ontem à noite e ontem à tarde; a tarde tambêm pelo Sr. Ministro da Guerra, vindas da Guarda, salvo o êrro, e à noite pelo Sr. Ministro do Comércio, por comunicações chegadas à administração geral dos correios e telégrafos, transmitidas pelo director dêsses serviços.

Devo informar que nas comunicações a que me acabo de referir se diz que o Sr. coronel Carvalho, ao assumir o comando da divisão, distituíu todas as autoridades administrativas, fazendo-as substituir por autoridades democráticas, e que as fôrças que marcharam sobre Vila, Rial seguiram sem conhecimento da solução do conflito.

Mas, como estas informações não eram de natureza oficial, eu entendi dever manter sôbre elas a reserva precisa para nada dizer ao país que não fôsse a ex-