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28 Diário das Sessões do Senado

que alguns, como acabo de ouvir, poderá parecer confusa e indeterminada, mas que ao meu espirito se apresenta clara e luminosa, como uma obra de saneamento moral e político, absolutamente indispensável para a reconstrução económica do país e para a pacificação da família portuguesa, sem o que em Portugal se torna impossível viver.

Entendo também que ao Govêrno cumpre aceitar com solicitude e colaboração e todos aqueles que tenham o nobre intuito e a legítima ambição de serem leis ao país, de lhe serem prestáveis desinteressadamente e dentro das instituições que êle se outorgou livremente; mas recomendo lhe que procure, sobretudo, apoiar-se exclusivamente na conferência da nação e inspirar-se exclusivamente no bem estar da nação, evitando exercer, como tantas vezes se tem feito, o seu proseletismo entre as clientelas, mercenárias e sectárias, para as quais a política consiste numa incessante e desprezível intrigalhada, num perpétuo e barulhento conflito de vaidades e de interêsses, que não deixam ouvir a voz da nação que só pede: pão, trabalho e progresso.

O Govêrno actual, que assumiu o poder numa das conjunturas mais dificeis e angustiosas da nossa história, tem o direito de nos exigir que lhe prestemos uma cooperação sincera, dedicada e patriótica; e entendo que aqueles que lhe recusarem essa cooperação assumem tremendas responsabilidades.

Aqueles que acusam o chefe do Govêrno de pôr em perigo a República fazem uma idea bem mesquinha do largo espírito de democracia que invadiu toda a superfície da terra, onde as monarquias, actualmente, não passam de excelentes repúblicas, nas quais se chama "Rei" ao chefe do Estado, reduzido a ser ima simples figura decorativa simbólica da unidade nacional.

Tambêm ouvi acusar o chefe do Govêrno de não se ter mostrado suficientemente enérgico perante as juntas militares, de ter sido pusilânime em face dessas juntas e de não ter aceitado os elementos de fôrça, e que lhe foram oferecidas, para as subjugar.

Quem faz estas acusações ao Govêrno faz-lhe, a meu ver o máximo dos elogios, porque, de facto, o Govêrno, procedendo como procedeu, salvou o país dos horrores da guerra civil. Quando mais não tivesse feito, só por êste facto o Govêrno mereceria a gratidão do país, que por intermédio de todas as pessoas de bom senso e de consciência brada aos fanáticos políticos de todos os matizes: - Basta de sangue derramado; basta de sangue!

O Sr. Severiano José da Silva: - São sete horas, hora já adiantada para largos cascurbos. A atenção da Câmara está cansada e não é possível, a qualquer, suportar mais de duas ou três horas as exposições alheias, sem que o cansaço venha. É tempo perdido fazer largos discursos nestas ocasiões; tempo perdido para o orador, e tempo perdido para a assemblea, que vai a pouco e pouco desertando.

Eu não tinha pedido a palavra e teria desistido dela se não tivesse, por uma carta que veio a público, ligado o meu nome a esta situação.

Todos aqueles que me conhecem sabem que. sempre fui republicano. Filiei-me naquele grupo que me pareceu melhor defender tais interêsses, e quando êsse grupo, todas as vezes que se prestava a ocasião de vir ao Parlamento, fugia à sua devida acção, isso me causava imensa mágua. E ao ver Sidónio Pais com a sua acção enérgica traduzir o programa dêsse agrupamento, e vendo-o desamparado, escrevi então essa carta.

Entretanto, eu já estava um pouco esmorecido.

O Sr. Sidónio Pais subiu ao poder por um acto revolucionário para cumprir um programa, que consistia num golpe contra a demagogia, integração dos conservadores no regime, e demonstração clara da nossa situação na guerra.

Com relação à demagogia, soube-se como o cumpriu.

No que respeita à integração dos conservadores, até certo ponto encheu-me as medidas, porém, em seguida sentia-me desiludido. Nesta parte conservar-me hei fiel ao programa agora apresentado.

Relativamente ao programa da guerra, , está êle inscrito no programa do Govêrno e aceito-o. Êsse programa parece-me bom.