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Sessão de 9 de Janeiro de 1919 23

N& noite de 23 saíram dos seus quartéis fôrças militares e então 4 como haviam de continuar a obra de Sidónio Pais, de pacificação? Começando pela prisão ou antes pelo assassinato de Machado Santos.

Era meia noite. Um sargento de lanceiros, com duas praças montadas, bateu-me à porta e disse: «Vimos prender a V. Exa. à ordem do Sr. comandante do Corpo de Tropas».

Não me deixei prender, é claro, e tentei metê-los na disciplina.

Então o mesmo sargento disse a dois guardas cívicos que fazem serviço à porta do oficial da polícia Tamagnini que não deixassem sair ninguêm da minha escada, porque ia buscar reforço para efectuar ama captura.

Um dos polícias, estranhando um tal facto, foi ao quartel da guarda que está próximo de minha casa e lá encontrou de inspecção um oficial integralista, alferes Ponte e Sousa. Êste alferes, que tem prendido todas as praças republicanas da companhia, achando azado o momento para o começo do desenrolar da «fita» monárquica, veio com meia dúzia de soldados postar-se em frente das minhas janelas, intimando-me por esta forma: «Feche a janela, se não...». E as anuas foram apontadas à minha pessoa.

Eis um bom exemplo de disciplina que prova que o movimento militar foi apenas ... um «equívoco» ao dizer do Sr. Tamagnini Barbosa.

V. Exas. já viram, por certo, o que representaria a marcha a pé dum oficial general preso, entre três cavalos, pela calada da noite nas ruas desertas da cidade...

No pronunciamento da Escola de Guerra deu-se um caso curioso: os oficiais que não tiveram a coragem de acompanhar os seus alunos, poucos, que se revoltaram, é que forneceram a êstes os percutores das peças. O comissário de polícia de Braga, capitão Sá Guimarães, abandonando o seu pOsto naquela cidade, foi quem comandou as quatro dezenas de alunos que se manifestaram.

O Sr. Jaime Leitão de Castro, ao que me informaram, não teve a coragem tambêm de sair do seu quartel general armado e equipado com os seus ajudantes e ordenanças. Foi fardar-se a casa do antigo médico da guarda municipal, Sr. Carlos Lopes, que há uns tempos atrás chegou a estar preso por conspirador monárquico.

E continua o Sr. Jaime Leitão de Castro a ser o comandante da 1.ª divisão do exército!

Na noite de 24 telefonou-se várias vezes do Ministério do Interior para as Necessidades a preguntar pelo Sr. Jaime de Castro, O general tinha se eclipsado do seu quartel e da sua moradia! Único!

Tudo isto, Sr. Presidente, se passou em Lisboa, para continuar a obra do SJT. Sidónio Pais.

E com gente desta que o Sr. Presidente da República se entendeu para organizar o Ministério; foi com gente desta ordem que o Sr. Tamagnini Barbosa se ajustou repelindo es serviços desinteressados que lhe eram oferecidos pelos republicanos.

Tenho ouvido falar nesta sala muitas vezes contra a demagogia.

Eu, Sr. Presidente, não sou demagogo, nem nunca tive entendimentos com demagogos. Durante sete anos combati a demagogia que se infiltrara no Partido Democrático e posso dizê-lo que algumas vezes o fiz, tendo por companheiros apenas os tipógrafos do meu jornal. Pela demagogia fui atacado h bomba e a tiro nas ruas de Lisboa.

Mas, Sr. Presidente, eu sou tam contrário à demagogia que se infiltrou pelos partidos monárquico e católico, como fui contrário à demagogia republicana. Ora, o que se passou e está passando ainda é obra da demagogia monárquica e da demagogia católica, que até tem feito uma especulação ignóbil com o cadáver de Sidónio Pais.

Sr. Presidente: eu conheci muito bem o Sr. Sidónio Pais; emquanto eu combatia a demagogia, o defunto Presidente era Ministro das Finanças, Ministro do Fomento e Ministro em Berlim. A obra financeira e económica de Sidónio País como Ministro passou despercebida; mas a sua obra política deu brado. Sidónio Pais associou-se... à expulsão dos bispos das suas dioceses.

Sidónio Pais como Ministro republicano fez obra de político radical e como cidadão foi um livre pensador.

Em 20 de Fevereiro de 1911 foi iniciado numa loja maçónica de Coimbra, intitulada Estrela de Alva; em 2 de Junho