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Sessão de 9 de Janeiro de 1919 25

ocupasse êsse alto lugar que está ocupando, se não tivesse as responsabilidades que tem, desafiava-o para lhe explicar o teor de tal carta, ou S. Exa. como chefe do Govêrno, mandava o Sr. coronel João de Almeida preso para o Castelo de S. Jorge. ]

O que aqui está escrito não se diz a um homem e muito menos a um Presidente de Ministério.

O que eu sei, Sr. Presidente, e que, quando se tornava público um documento desta ordem, que eu não vou ler para não fatigar a Câmara, o procedimento a seguir para com o seu autor, não é aquele que teve o Sr. Presidente do Ministério. Só um cúmplice procede como procedeu o Sr. Tamagnini Barbosa.

Não pode haver acordos com juntas militares do norte nem do sul, que consigam lavar um homem do que se lançou em rosto num documento da natureza dêste. Como o Sr. coronel João de Almeida não fez um desmentido público do que está escrito nesta carta, o Sr. Tamagnini Barbosa devia mandá-lo meter no Castelo de S. Jorge, para iniciar uma obra da disciplina social, ainda por fazer.

Um outro motivo do descontentamento que manifestei há pouco, é a escolha do chefe do Gabinete do Sr. Ministro da Guerra, S. Exa. não encontrou pessoa mais idónea para chefe do seu Gabinete, senão o oficial que desempenhou o mesmo cargo quando era Ministro da Guerra o Sr. Álvaro de Mendonça!

Ora o Sr. Álvaro de Mendonça é acusado de traição à República; e é esse homem que fica sendo indirectamente o conselheiro actual Sr. Ministro da Guerra!

Quero ainda preguntar ao Sr. Presidente do Ministério qual o motivo que imperou no seu espírito para proibir a manifestação liberal, republicana e ordeira, que se devia efectuar no domingo passado, quando esta manifestação era de apoio ao seu Govêrno.

Porque é que S. Exa. se não aproveitou da grande massa republicana que se ia manifestar nas ruas, como era do seu direito, para se impor às juntas militares e fazer entrar os oficiais na ordem?

A desculpa do estado de sítio não colhe; porque já em vida do Sr. Sidónio Pais estava declarado o estado de sítio e algumas manifestações se fizeram; o actual

Sr. Ministro do Trabalho, Sr. Enrico Carneira, foi ao Pôrto envolver-se numa manifestação reaccionária ao comissário da polícia daquela cidade, o tenebroso Solar Alegro, que ainda está tripudiando sobro a capital do norte.

O Sr. Eurico Carneira (Ministro do Trabalho): — V. Exa. está enganado.

Dou-lhe a minha palavra de honra que não saí de Lisboa.

O Sr. Machado Santos: — Os jornais é que o disseram.

O Sr. Eurico Carneira (Ministro do Trabalho): — Dou-lhe a minha palavra de honra que não saí de Lisboa.

O Sr. Machado Santos: — V. Exa. dá a sua palavra de honra, não tenho que cou-§ restar.

O Sr. Cruz Azevedo (Ministro dos Abastecimentos): — Naturalmeute há equívoco, eu é que fui convidado para um jantar oferecido ao Sr. inspector de polícia do Furto, mas na qualidade de capitão de artilharia.

Se havia política no caso. ignoro, pur-, quanto, quando me convidaram, garantiram-me que não.

O Sr. Machado Santos: — A qualidade em que V. Exa. lá foi é-me completamente indiferente.

A questão é V. Exa. pertencer a um Govêrno que proibiu uma manifestação liberal por estar decretado o estado de sítio e ter assistido a uma manifestação reaccionária no Pôrto, onde tambêm havia o estado de sítio. — Esta é que é a questão.

Não mando, Sr. Presidente, nenhuma moção de desconfiança ao Govêrno para a Mesa, por entender que isso é absolutamente inútil.

Julgo-me tambêm dispensado de fazer afirmações republicanas, porque isso seria inútil.

O Sr. Presidente do Ministério, Tamagnini Barbosa, dizendo na sua declaração ministerial que defenderá a República, conservando, no emtanto, nos comandos militares os revoltosos e outros oficiais