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Sessão de 9 de Janeiro de 1919 35

S. Exa. fez da assistência o que ela devia ser no seu país, e a prova viu-a V. Exa. nessas manifestações que se fizeram pela ocasião dos funerais, viu quanto amor lhe dedicou essa multidão de pobres a quem êle soube mitigar a fome, essa multidão de criancinhas que êle soube vestir e alimentar.

Essas manifestações foram a prova mais cabal e completa do grande amor e dedicação que havia por êsse grande Presidente que foi Sidónio Pais.

Vozes: — Muito bem.

O Orador: — Quem pode esquecer a obra benemérita que o ilustre morto vinha delineando da construção de casas baratas para as classes operárias?

Creia o Sr. Machado Santos que, se outra obra não tivesse Sidónio Pais, a obra da Assistência marcaria por si só para o engrandecimento da figura moral dum Presidente da República. Mas não. Sidónio Pais fez mais alguma cousa. Declarou, por uma forma positiva, que a todos trataria igualmente sem ver ninguêm através das organizações partidárias, as quais não odiava, mas que entendia serem muitas para um país tam pequeno. Ele,— o grande Morto — queria a separação nítida de duas correntes — a moderada ou conservadora, e a avançada, e, para que tal se operasse, desejava a dissolução dos agrupamentos partidários.

No campo militar, a que mãos havia ido parar o prestígio do exército? O prestígio do exército estava entregue a um homem com cujo nome os lábios do Sr. Machado Santos seriam manchados se o proferissem. Oficiais e soldados eram tratados como feras sob a acusação falsíssima de não quererem marchar para a guerra. Não! Soldados e oficiais todos queriam marchar para a guerra; o que êles não queriam era a situação especial que lhes queriam dar no campo da luta. Para a frente iam os inimigos;; para trás ficavam os amigos! Os oficiais e soldados acusados de cobardes foram levados como carneiros, sem roupas e sem poderem despedir-se de suas famílias! Pois êsses oficiais e soldados acusados de cobardes foram os oficiais e soldados que se bateram com mais valentia nos campos de batalha! Os que se bateram com mais heroísmo em terras da França! Êsses oficiais e soldados foram nossos companheiros do 13 de Dezembro.

E disse S. Exa.: o que fez Sidónio Pais?

Que fez Sidónio Pais!... Deu um grande prestígio ao exército, e tanto, que, sendo talvez de mais, êle trasbordou nessas manifestações que nós acabamos de reconhecer como um excesso de zêlo pela sua obra!

Conservamos êsse prestígio, mas claramente, francamente, e eu espero dos oficiais, e da acção enérgica do Sr. Ministro da Guerra, a atitude atinente a demonstrar que a principal função do exército é a manutenção da ordem e a conservação das instituições. E, assim, estamos bem entregues.

Terminando, eu peço a V. Exa., Sr. Presidente, e por seu intermédio, desculpa à Câmara do tempo que lhe tomei, declarando nesta ocasião o que já ontem declarei na Câmara dos Deputados. Eu tinha uma divisa na minha vida «Pátria e República». Neste momento a minha divisa é, como creio que é a de todos os portugueses, atento o grave momento histórico da nossa nacionalidade, «República e Pátria».

Tenho dito.

O orador não reviu.

S. Exa. foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: — A próxima sessão realiza-se amanhã, à hora regimental com a mesma ordem do dia.

Está encerrada a sessão.

Eram 20 horas menos 10 minutos.

O REDACTOR—F. Alves Pereira.