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8 Diário das Sessões do Senado

João Penha, e ainda sôbre o filólogo Adolfo Coelho, porque sei de antemão que o Sr. Queiroz Veloso vai referir-se a êste, como o Sr. Júlio Dantas se referirá àquele. A êstes dois meus ilustres colegas, peia sua situação especialíssima, compete fazer o seu panegírico.

Não quis, no emtanto, afastar de mim o encargo, pesado por certo, de consagrar algumas frases do saudade à memória do insigne investigador histórico que foi o Sr. Visconde de Castilho.

Tive ocasião de privar com êsse homem cheio duma austeridade extraordinária e duna nobreza de coração pouco vulgar.

Vozes: — Muito bem.

O Orador: — Eu, que tenho perdido a minha vida a buscar nos arquivos a bibliotecas do meu país tudo o que dê à minha inteligência a visão do passado, ao que êle tenha de respeitável, sei avaliar, e avaliar bem, a paciência verdadeiramente beneditina de que êsse homem usava nas suas investigações, estudando e sentindo o que foi a nossa raça, quanto valeu a nossa tradição, como elemento de civilização, de progresso, fixando os nossos costumes dentro da evolução do nosso sentimento nacional.

Bastava a sua obra Lisboa antiga para o colocar numa situação de destaque entre os nossos pesquisadores e cabouqueiros, mostrando sempre uma tenacidade heróica, inquebrantável, digna de registo, sem am desfalecimento que o fizesse baquear, nem ao menos hesitar na sua marcha incorruptível de depurador da: nossa tradição.

Faleceu na plena pujança do seu talento; oitenta anos de mocidade impetuosa a encaminhar-lhe a mentalidade possante.

Sr. Presidente: espero que esta Câmara, que não é uma Câmara vulgar, levantará ainda mais o seu nível moral e intelectual, sentindo o passamento dos três grandes homens e associando-se às minhas palavras de saudade por essa grande perda, permitindo-se, porêm, que no recanto da minha dor eu especialize o Visconde de Castilho, por se aproximar mais do meu espírito a sua particularíssima tendência intelectual.

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Ministro dos Abastecimentos (João Pinheiro): — Quero associar-me, em nome do Govêrno, ao voto de pesar proposto pelo ilustre Senador.

Já ontem tive ocasião de referir-me com palavras magoadas e sentidas, à memória dos três ilustres homens, João Penha, Adolfo Coelho e Visconde de Castilho, três espíritos gentilíssimos que a morte nos roubou.

Não quero prolongar mais o tempo que estou tomando à Câmara, porque está anunciada a palavra gentil o brilhante de dois dos mais ilustres membros desta Câmara, que vão referir-se aos extintos.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Em harmonia com o artigo 45.° do Regimento, vai consagrar-se o resto da sessão aos assuntos que se costumam tratar antes da ordem do dia, começando-se pela comemoração fúnebre a que se referiu o Sr. Nogueira de Brito.

O Sr. Castro Lopes: — Pregunto a V. Exa. se logo que chegue a proposta de lei do Sr. Ministro dos Abastecimentos, atonta a gravidade e importância dêsse documento, o Secado não entrar, nessa discussão.

O Sr. Presidente: — Está na Mesa a proposta de lei a que se refere o Sr. Castro Lopes.

O Sr. Castro Lopes: — Pedi a palavra para manifestar a V. Exa. que ouvi dizer que depois da ordem do dia seria apresentada à discussão uma proposta de lei, que foi apresentada pelo Sr. Ministro dos Abastecimentos, a qual viria da Câmara dos Deputados.

O Sr. Presidente: — Não tenho conhecimento.

O Sr. Castro Lopes: — Era por isso que eu preguntava a V. Exa. se poderíamos discutir hoje essa proposta, atenta a gravidade do momento que atravessamos.

O Sr. Nogueira de Brito: — V. Exa. dá-me licença? Era precisamente por estar convencido disso que desisti de usar da palavra.