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Sessão de 14 de Março de 192Í

panha das Navas de Tolosa e do Salado, a E«panha do nosso Fernão de Magalhães, a que compartiu connosco o mundo maravilhoso das nossas emulas descobertas.

O mundo mudou. Constituiu-se a Sociedade das Nações. O Direito reina hoje entra elas. E nós fomos dos que se bateram valorosamente com todo o anseio da nossa alma por essa extraordinária transformação. Nesta nova atmosfera respiramos. Não mais serão possíveis atentados contra a nossa integridade. A guerra custou-nos muito, levou-nos sobretudo vidas preciosas, foi uma enorme provação, não há dúvida, mas dela saímos engrandecidos para o respeito geral dos povos.

Com essa força e-prestígio, H rm arena o s a nossa situação internacional. Estão dependentes da ratificação do Parlamento os tratados e convénios que lhe foram já apresentados pelos Governos transactos. E o actual Governo diligenciará negociar convenções que abram os mercados estrangeiros aos nossos principais produtos metropolitanos e ultramarinos. O dosafô-go da sua exportação muito contribuirá para debelarmos a nossa crise económica e financeira, que é tcimbém reflexo da crise geral das relações comerciais entre as nações.

Muitos dos propósitos que enunciámos foram já exarados ,no programa dos nossos antecessores. E que se impõem. Mas urge levá-los a bom termo. E o que a Nação reclama impacientemente. E nós, seus mandatários no Govôrno, teremos o maior orgulho em dirigir, ao lado do preclaro Chefe do Estado, inspirando-nos sempre no seu alto patriotismo, a obra grandiosa da nossa reconstrução nacional, que é decisiva. Ou, com todo o sangue altivo da vitória, nos erguemos dos escombros das nossas dilacerantes contenções, mostrando-nos dignos dos nossos mortos, ou o horizonte- do nosso destino se entenebrece.

O Governo, consciente das suas respon-sabilidades, apresenta as suas homenagens ao Congresso da República.

O Sr. Morais Rosa: — Sr. Presidente: em nome do Partido Republicano Popular, tenho a honra de saudar o novo Governo, fazendo votos para que ele possa levar a bom fim a obraquo se propõe realizar.

Analisando a declaração ministerial que acaba de ser lida, verifica se que de facto ela aborda todos os assuntos que interessam a vida da Nação e que para alguns deles indica as soluções mais consentâneas com as necessidades do momento.

Por esse motivo o Partido que tenho a honra de representar nesta casa do Parlamento muito deseja que tais soluções se efectivem com a rapidez e energia que há direito a esperar dos homens que ocupam as cadeiras do Poder.

A frente do Governo encontra-se o Sr. Bernardino Machado. E uma alta figura da política portuguesa. S. Ex.a tem sido tudo quanto um homem público pode ser; lente' da Universidade de Coimbra, Deputado, Senador, Ministro, Presidente do Ministério, embaixador e até Chefe do Estado.

E claro que a uma situação tam excep-cionnl, correspondem também responsabi-lidades excepcionais, mas todos confiamos em que S. Ex.a, com os seus grandes méritos, com as suas altas virtudes cívicas, com o seu reconhecido talento, com a souplesse política que sempre o caracterizou, saiba triunfar das dificuldades e colocar-se à altura das suas responsabilida-des.

Acompanham. S. Ex.a homens cuja experiência da governação pública nos dá sobeja garantia de que essa obra há--de ser ponderada, criteriosa e enérgica, e digo enérgica, porque nos tempos quo vão correndo, para se governar um país, não basta possuir uma soma de conhecimentos suficientes para sobraçar uma pasta, é indispensável também ter-se uma forte dose de energia para repelir as pretensões dos que, sem o menor escrúpulo, especulam com as necessidades do povo e do país.

E para este ponto eu chamo, particularmente, a atenção do Sr. Presidente do Ministério.

Esses especuladores perturbam a vida nacional, e perturbam-na económica e financeiramente, e, perturbando-a destas duas maneiras, perturbam também a ordem social.