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Diário das Sessões do Senado

do estado latente de inquietação ena que os cérebros se encontram.

E preciso, portanto, que a acção do Governo se faça sentir de maneira eficaz, efectiva e permanente.

Emquanto não conseguirmos desembaraçar-nos da praga dos especuladores, todos os homens públicos háo-de lutar com dificuldades insuperáveis, mas o Sr. Presidente do Ministério vai, certamente,, empregar todos os seus esforços para que ninguém tenha o direito de especular em detrimento da colectividade.

Sr. Presidente: quando eu tive a honra de falar em nome do meu Partido, ao apresentei*-se a esta Câmara o Gabinete transacto, eu rematei as minhas considerações, pedindo ao Governo, sinteticamente, «que governasse». Vejo, com prazer, que esta síntese da minha maneira do peasar sobre o que deve ser a acção do Governo, se condensa também agora, na declaração ministerial, na musma afirmação.

«O nosso programa —diz o Governo— cabe numa palavra — governaremos».

Muito bem! É disso que se carece; é de homens que governem, e assim o Partido Republicano Popular, confiando em que o Sr. Presidente do Ministério e o seu Governo saberão cumprir aquilo que prometem na declaração ministerial, desde já se prontifica a dar-lbe todo o seu apoio leal e desinteressado. (Apoiados).

O Sr. Rodrigues Gaspar: — Sr. Presidente: ouvida, com a devida atenção, a declaração ministerial, o Partido Republicano Português saúda o Sr., Presidente do Ministério e nosso preclaro colega nesta Câmara, bem como todo o Governo, envolvendo nesta saudação os mais sinceros votos para que o Ministério consiga realizar a grande obra do ressurgi mento nacional, e podendo, desde já, contar com o apoio do Partido Republicano Português, que se efectivará pelo estudo e pela cooperação parlamentar.

Sr. Presidente: ao país'deve o Partido Republicano Português a explicação do seu procedimento na solução desta crise.

Pela experiência dos últimos tempos, e, em especial, após Monsanto, o Partido Republicano Português julgava que estava já suficientemente demonstrada a ineficiência dos Governos de concentração,

isto é, dos elementos que. por coacção, se denominam partidos, grupoVou correntes políticas, e que por couseguin-te soara a hora em que se impunha a organização especial dum Governo que caracterizasse as circunstâncias, também muito especiais, em que se debate o país.

Chamado o Partido Republicano Português a opinar sobre a resolução da crise, preconizou ele que o Gabinete a constituir deveria ser presidido por uma alta figura política, com a capacidade gover-nativa c ue garantisse uma superior administração e indiferente aos partidarismos políticos, devendo o alto valor encarregado de constituir esse Governo ter toda a liberdade de acção para a escolha dos seus cooperadores.

Demoradas foram as dêmarches para a solução da crise, e quando já se rumorejava sobre a incapacidade dos homens públicos para a organização dum Ministério, aparece encarregado de o constituir o ilustre Senador Sr. Bernardino Machado, por acordo entre leaders e chefes de partidos.

A alta figura do Sr. Bernardino Machado impfe todo o respeito aos republicanos, quer pela- sua iuexcedível acção na propaganda dos mais sãos princípios da Democracia, quer pelas inúmeras provas de sacrifícios a que tem sido submetido na sua longa vida pública, em que tem conservado sempre o seu feitio de republicano e patriota, quer ainda pela vastidão dos seus conhecimentos nos variados ramos da administração pública, e até, finalmente, pelo carinho que bem mostrou nutrir pela República, acoitando o pesado 'encargo de constituir Grovêrno em circunstâncias tam difíceis, pondo de lado aquele repouso a que incontestavelmente tem direito, e ainda o tratamento da sua abalada saúde.

Pretendeu organizar Gabinete segundo as formas constitucionais; entendeu S. Ex.a que com ele deveriam cooperar os chefes ou leaders dos partidos ou grupos.