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Diário âan Sessões do Senaâo

obriga a acompanhar esses agradecimentos do uma rectificação.

Para isso pediu logo a palavra, muito sentindo que o adiantado da hora não lhe tivesse permitido usar dela naqaela altura, para imediato conhecimento do assunto.

Ao contrário do que o ilustre chefe do Governo referiu, por um equivoco, Ole orador, não disse que o Ministério a organizar deveria ser extra-partidário, em-. bora essa forma não lhe repugne, em determinadas conjunturas.

Lamentou, apenas, que as circunstancias poH.icas não tenham permitido ao Sr. Beruardino Machado o cclocar no seu Ministério, ao lado dos representantes dos partidos, alguns homens de valor qoe o País respeita e aprecia, mas que não fazoin parte do Parlamento.

Tora até o cuidado de acentuar que esses homens ficariam bem, junto da nobre e insinuante figura do Sr. Ministro da Marinha, que é partidário mas não é parlamentar.

Paru isso teria sido suficiente que cada um. dos partidos houvesse limitado a sua representação a um ministro, como o grupo dissidente, deixando assim ao Sr. Ber-nardino Machado ampla liberdade para preencher algumas pastas com elementos extra-parlamentares."

Foi ês:e apenas o significado das suas palavras; e, ao proferi-las,-não lhe passou pela idea que elas pudessem levar o Sr. Presidente do Ministério a dizer que um Governo organizado nessa base, fora das condições anormais de 1914, representaria o reconhecimento da incapcc/dfide fios partidos. l?ecorda-se de que em 1914 nos dois ]\[inistérios a que presidiu o Sr. Ber-nardino Machado, colocando homens estranhos ao Parlamento corno os Srs. general Pereira de Eça, Lisboa de Lima, Sobral Cid, Augusto Neuparíh, Sousa Monteiro, Almeida Lima, Freire de Andrade e Santos Lucas, declarou que o fizera porque era indispensável qie o Governo se constituísse fora do elemento legislativo, dado o conflito existente e:iíre a Câmara dos Deputados o o Senado. Mas hoje, felizmente, essa situação anómala não existe —e ele orador viu anunciado até numa nota oficiosa que o ilustre ch^fe do Governo, antes de constituir o actual Gabinete, tentara a organização de outra

fórmula ministerial om. que entravam também elementos extra-parlameatares.

Foi essa até a explicação que viu do convite dirigido ao grande republicano e seu querido amigo João Chagas para fazer parte do Ministério— e crê também do convite dirigi» l o ao Sr. Agostinho Fortes para a, pasta da Agricultura.

Quere isto dizer que, afinal, esclarecido o equívoco, o Sr. Bemardino Machado tem, ísôbre o assunto, a mesma opinião que ela, orador.

Se o Ministério actual, sem prejuízo da ilegítima, valiosa e indispensável representação dos partidos, não asseuta sobre uma fórmula mais ampla, não é porque o seu Piamente chefe o não desejcisse: é porque não foi possível alc;,nçá-la.

Quanto ao Ministésio Milldrand, disse o Sr. Bernardino Machado que ele constituiu uma situação instável.

Longe do seu espírito o propósito de rebater um tam autorizado critério; mas a constatação dos factos o que lhe diz é que a câmara francesa não só apoiou, dedicadamente, esse Governo sob a chefia do Sr. Millerand, coroo aceitou a sua recondução depois da oleição presidencial, sob a chefia do Sr. Leygues.

De facto, o Ministério Leygues, há pouco substituído pelo Ministério Briand, era o Ministério, Millerand, apenas com a substituição do seu primeiro Presidente, eleito chefe do Estado.

Se a Câmara teve razões de queixa desse Governo, em que entraram alguns extra-parlamontares eminentes como, por exemplo., o Sr. Marsal, Ministro das Finanças e o Sr. Isaac, Ministro do Comércio, manda a verdade referir que levou onze meses a convencer se disso e a efectivar-se a sua má disposição.

Oxalá, como demonstração de estabilidade, o actual Governo Português.— em que há apenas uin" extra-parlamontar muito ilustre— se conserve tanto tempo no poder como a situação instável do Sr. Millerand.

São esses os votos que formula, na lógica da sia orientação de sempre, quanto aos inconvenientes gravíssimos da instabilidade governamental.