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Diário das Sessões do Senado

Todos sabem que rio momento em que, de todos os lados, se grita que é necessário produzir, que é necessário intensificar a produção, quanto é importante que a indústria dos lacticínios se desenvolva, porque a criação de gado traz, entre outras vantagens, a fácil adubação das terras e, por consequência, uma maior produção. Ora o preço do leite, muitos antes da guerra, nunca foi inferior a 25 e 30 réis cada litro, mas pouco antes da guerra esse preço tinha subido para 45 e 50 réis. Por outro lado, S'. Ex.a o Sr. Ministro da Agricultura, que conhece muito bem aquilo que diz respeito à Macieira, visto que aquela ilha só tem de S. Ex.a as melhores recordações e os melhores servi-sabe que a base da alimentação da sua população é o milho, cereal que, antes da guerra, era comprado ao preço mínimo de 55 a 60 réis cada quilograma.

Esse preço atingiu 550 e 600, dez vezes mais de que antes da guerra. Obrigando-se o agricultor e criador de gado a comprar os seus principais alimentos por nm preço dez vezes superior, obriga se a vender o loite pelo preço máximo de um tostão, quatro vezes mais do que ele recebia antes da guerra!

Por outro lado, não tabela a manteiga de porco e o azeite que atingiu grandes preços.

Os tecidos de linho têm preços exorbitantes, e não se dando garantia nenhuma àqueles q_i:e têm o leite pura vender, obrigando-se a comprar tudo por preços exagerados., impõe-sea obrigação violenta de entregar aquilo que tem por um preço insignificante.

Por outro lado, permitiu-se que a carne que se vendia a 240 passasse a 23000 réis, e o criador, assim, tem muito mais vantagens em levar o gado para o matadouro do que lutar pelo desenvolvimento dos lacticínios.

Outras violências mais só têm cometido contra aqueles se dedicam a esta indústria.

Em Lisboa, havia casas de comércio exclusivamente de manteiga e queijo; representantes seus foram por diversas localidades desenvolver a indústria dos lacticínios para que pudessem obter os produtos que necessitavam para abastecer o mercado.

Nesses sítios estabeleceram uma indústria absolutamente sua, ou então ficaram

com compromissos escritos em que davam determinadas garantias pelos artigos dos. fornecimentos, e agora esses indivíduos vêem-se privados daquilo a que tinham direito, e quando chegam esses produtos são requisitados pelo Comissariado dos Abastecimentos que os entrega a quem quere.

vSou o primeiro a fazer justiça à honorabilidade pessoal do Sr. PeresTrancoso, mas nãD é de pé para a mão que se entra em assuntos sobro os quais não se tem certa prática, e assim se cometem erros às vezes não de inteira responsabilidade da pessoa mas de quem a rodeia.

Eu compreendia que se tabelasse a manteiga e que se tomasse conhecimento da quantidade que aqui chega, e ainda que se fiscalizasse se ela era toda vendida ao preço da tabela, mas com o que não concordo, porque é uma violência inaudita, é com que se tire o produto a ([iiem ê!e pertence para o ir entregar a merceeiros e a confeiteiros que depois a fazem desaparecer por portas e travessas, c o vendem por preços exorbitantes. (Apoiados).

Ora .é necessário que alguém, com a energia do Sr. Ministro da Agricultura, ponha cobro a estas cousas, que só fazem mal ao país.

E agora, pregunto eu: Que grande serviço é esse que apenas diz respeito à manteiga e ao azeite!?

Repito, se querem tabelar a manteiga e fiscalisar a quantidade que vem, façam isso, mas não cometam a violência de a tirarem a quem ela vem consignada, quando de mais a mais se trata de casas que não vendem outros artigos, e que estão abertas ao abrigo da lei.

Espero, pois, que o Sr. Ministro da Agricultura tome na devida atenção os dois assuntos de que acabo de me ocupar, e que os resolva com aquela justiça que S. Ex.n costuma pôr em todos as seus actos.