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Diário das Sessões do Senado

O Sr. Catanho de Meneses. —O assunto ventilado pelo Sr. Vasco Marques tem grande importância. Eu sou vizinho daquela terra e conheço perfeitamente o assunto. Tenho recebido diversos telegramas no sentido das reclamações apresentadas pelo Sr. Vasco Marques e lamento que alguém tivesse tido a ousadia de remetor ao Sr. Presidente do Ministério uma representação que carece, absolutamente, de justiça e que tende a prejudicar muito gente em benefício de uma pequena parcela de interessados.

A inteligência extremamente lúcida do Sr. Presidente do Ministério aquilatará desta questão.

O parecer da Procuradoria Geral da República não interpreta verdadeiramente a justiça e o Sr. Presidente do Ministério será o primeiro a entender que asse parecer tem de cair pela base.

Pode-se dizer que foi a minoria que aí venceu e há de alcançar um triunfo completo quando o Sr. Ministro da Agricultura estudar o assunto.

É preciso que um simples requerimento não sirva para que se possa, vir às algibeiras de cada um—como muito bem disse o Sr. Vasco Marques — tirar o que apeteça.

U Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e interino da Agricultura (Ber-nardino Machado): — Quási nada tenho a dizer sobre o assunto que já ria sessão passada aqui versámos examinendo a organização ministerial, mas volto a ele pela grande consideração que voto ao Sr. Melo Barreto a quem, com muito prazer, chamo ainda meu colega porque, embora chefe do Governo, continuo a ser um dos membros do Senado. Os laços de amizade têm.-se dia a dia apertado ao mesmo tempo que os nossos LÍLÇOS políticos, mercê dos serviços públicos, têm-se pouco a pouco robustecido. Porque S. Ex.a tem sido repetidamente Ministro da República, porque, é uma das figu.ras mais belas deste regime e porque, desde muito novo, tem consagrado proficientemente os seus estudos às questões' internacionais, é-me sempre extremamente grato ouvi-lo e discutir com ele, tanto mais que S. Ex.a trouxe a minha frase estamos de acordo.

Não preciso de insistir nas razões por que acho que só excepcionalmente se

pode recorrer aos Ministérios extra-parti-dários oo com elementos extra-partidários.

Houve uma situação anórmalaem 1914.. Os partidos estavam em luta e, sempre que os homens se dividem, é preciso que haja uma força que os congrace e discipline.

Foi por isso . que se organizou então um Ministério extra-partidário, mas o que nós devemos desejar é que seja o Parlamento que organize os Governos pelas próprias forças, que seja o Parlamento que governe os Ministros e não estes que governem o Parlamento.

Que o Poder seja de sua inteira eleição, e não sejam os Ministros que o governem a ele.

Quando tive a honra de ser encarregado de constituir Gabinete, eu com as minhas responsabilidade!?, tendo subido aonde mais me podia elevar a consideração pública, o meu primeiro dever foi pensar no acto de formar Governo, nos homens que me tinham coadjuvado naquele momento em que o país entrava na guerra. E pensei.

Eu faço sempre por que na minha vida pública não me esqueça dos serviços que me prestam.

Por isso desejei muito que do Governo fizesse parte o Sr. Afonso Costa, o Sr. Norton de Matos, o Sr. Leote do Rego e o Sr. João Chagas, que quando da aventura dezembrista, eu vi de pé lá fora. O homem que dignificou a República, mostrando-se intransigente com a ditadura,. esse homem era o natural Ministro dos Estrangeiros.

Não poderia insistir com o Sr. Norton de Matos, porque sabia a função de que estava investido, e que ele próprio me frisou, dizendo que tinha, tal missão a cumprir.

Não constituindo, pois, o Governo como eu de princípio quis, nada podia Desculpar de não procura:' fazê-lo parlamen-tarmente. Era em todos os momentos o meu' dever, mas sobretudo neste lance, pois eu que caí com o Parlamento em 1917, chamado ao Governo, tinha como primeiro dever mostrar a minha consideração pelo Parlamento.