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Diário da* Sessões do Senado

-foi com certeza um dos mais notáveis que ultimamente têm sido proferidos nesta Câmara.

Começou S. Ex.as por dizer — e é isso que particularmente me interessa neste momento — que para o Partido Republicano Português, o projecto em discussão era uma questão aberta. - Ainda bem que assim é. Cora essa deliberação muito se honra o Partido Ee-publicano Português. „. O Sr. Dr. Pereira Osório, meu ilustre -amigo e igualmente leader do partido, usando da palavra, começou por declarar que era de sua exclusiva responsabilidade 'O ataque que ia fazer ao projecto — ataque que fez em termos e por motivos dignos do respeito de todos nós.

Quási ao terminar o seu discurso, S. Ex.a disse que ia requerer a votação nominal.

Eu não quero profundar nem perscrutar o pensamento de S. Ex.a, mas parece-me que ele foi o de amarrar cada um de. nós à responsabilidade do seu voto. j Mas eu creio que todos nós queremos isso mesmo l. (Apoiados).

E eu sou tanto dessa opinião que an-•tecipadamente me inscrevi para usar da palavra a fim de fazer as minhas declarações e explicar o meu voto favorável ao projecto.

Começarei por descrever em breves palavras ao Senado um facto curioso, em que interveio uma alta personagem, europeia, facto que, a meu ver, é notavelmente in-t9ressante para nós neste momento histórico da vida da nossa Pátria.

Em 1917, numa conversa particular, 'mas que é hoje do domínio público porque foi publicada num jornal francês, logo após a morte do rei Alexandre da Grécia, e quando se tratava da questão dinástica daquele país, Venizelos, o grande patriota grego, explicou os motivos porque não procurara implantar a Eepú-blica no seu país.

Vou ler à Câmara as próprias palavras proferidas por aquele homem de Estado para não prejudidar em cousa alguma o seu significado.

«Journal dês Débats de 6 de Noveru-

,bro de 1920. — La guestion dynastique en

Grèce. — Is ous sommes persuades que,

me me après cela, lês préférences de M.

Venizelos restent acquises à 1'institution monarchique à Ia démocratie royale.^En décembre 1917 à Paris l'homme d'État heHène exprimait ainsi, dans une conver-sation privée, son opinion sur lê choix du regime:

«Cela dependra de Ia manière dont se terminera Ia guerre. Si cê bouleversemeut aboutit au renversemerit irrévocable du militarisme,- j'inclinerai pour 1'introduc-tion en Grèce du regime republicam; mais si lê militarisme survit à Ia guerre, j e ne voudraí à aucun prix que lê pou-voir soit à chaque instant exposé à quel-que pronunciamento militaire, cê qui serait inévitablement lê cãs isi nous avions Ia Eépublique et cê qui ferait de Ia Grèce Io Portugal de 1'Orient».

Cette conversation, rapportée par M. Leon Maccas, dans lê numero d'octobre de 1920 dês Études franco-grecques, est caracter Lsti que».

Os acontecimentos que se seguiram à morte do rei Alexandre da Grécia, o plebiscito célebre que levou novamente ao trono o rei Constantino — o que representa como que a derrota da política de Venizelos — são o melhor comentário e a melhor crítica ao ponto de vista do grande homem de Estado.

A isso podemos juntar a situação actual da Grécia monárquica e a situação de Portugal republicano, neste momento, rodeado da estima e respeito de todas as nações aliadas e amigas.

Desta lição cruel Venizelos deve ter tirado proveitoso ensinamento, mas devem dela tirar também proveitoso ensinamento todos aqueles desvairados que querem fazer de Portugal a Grécia do Ocidente.

A democracia é necessária para o ressurgimento das nações quando elas se encontram no estado de abatimento «m que o regime- monárquico deixou a nossa, tendo ficado provado que a democracia entre nós não podia exercer o seu papel dentro da monarquia.

A Eepública foi e é, portanto, uma necessidade imperiosa para o nosso País.

Mas não se enganam os republicanos. Se é na democracia que reside efectivamente a principal força,. Regeneradora da Eepública, loucura,, -seria pôr de parte, como se não exr>tissem, os outros facto-