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Sessão de 12 de Abril de 1921

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tajosa, de facto, a transferência do Arsenal pela massa de população que para um bom e higiénico local se muda, pelas boas e higiénicas condições de habitação em que vai viver, ao contrário do que em Lisboa lhes sucede, pelo descongestionamento que isso traz, diminuindo a enorme falta de casas para as classes operárias aqui na cidade, e pela grande melhoria que representará a supressão e demolição do actual Arsenal, permitindo o indispensável alargamento da rua e regularizando o difícil trânsito, dada a imensa concorrência e as suas acanhadas e estreitíssimas dimensões, além de tal solução permitir a ligação já pensada e estudada da linha férrea do Cais do Sodró para o Terreiro de Paço e Alfândega até Santa Apolónia, o que muito beneficiaria a cidade, os serviços do porto de Lisboa e do tráfego internacional, etc.

Quanto às vantagens económicas, sob o ponto de vista da sua exploração fabril, de acabar com o actual Arsenal, que é um dos vários cancros da administração perdulária ou infeliz do Estado, mas cuja situação não se poderá modificar sem as radicais transformações a que só a sua transferência poderia dar lugar com nova exploração em outros moldes e talvez ainda melhor a uma empresa particular entregue por arrendamento ou por comparticipação do Estado; para essas vantagens confirmar basta lembrar à Câmara que a exploração do Arsenal actual custa anualmente cerca de 3:100 contos, dos quais 2:700 contos para salários e 600 contos de reformas, o que iião está de modo algum, em relação com semelhantes verbas o valor do trabalho produzido, nem do material gasto para serviço justificativo da tais salários, pois que esses materiais andam pela quantia de 600 contos, ou a quinta parte das despesas do pessoal, que assim custa õ vezesvo que custam os materiais que transforma e com que produz!

Escuso insistir na gravidade de tal con-vtrasenso ou nos resultados de tais critérios industriais! E quere V. Ex.a saber, Sr. Presidente, como e quanto vertiginosamente tem crescido a despesa do Arsenal de Marinha, apesar de nada aumentar a sua produção ? Eu digo a V. Ex.a e à Câmara as verbas autorizadas para as fábricas de Marinha, expressas em, contos:

Em 1911-1912 as férias eram de 443 contos e a despesa de material 532 contos; em 1914-1915 acentua-se o desequilíbrio o para uma despesa de férias de 446 contos há a de material de 376 e assim se continua até 1919-1920 cm que as duas verbas são respectivamente de 2:587 contos de férias contra apenas 672 de material!

Veja V. Ex.a, Sr. Presidente, e veja a Câmara, por quanto fica a exploração do Arsenal, o que vale sob o ponto de vista económico e se é possível que siga tal estado de coisas com a certeza que todos temos que o mal se não remediará, que tais despesas não são reprodutivas, que a mão de obra ó fantasticamente cara e que sem navios reparados e aprontados para serviço sempre continuaremos.

Não, é indispensável que tal estado de cousas se modifique, que a exploração fabril e industrial do Arsenal de Marinha não seja feita pelo Estado; como é preciso e essencial que além das construções ou reparações para a marinha militar o novo Arsenal sirva também a marjnha mercante ou comercial, como se propõe fazer a proposta da casa a quem foi dada a adj udicação provisória da construção do novo Arsenal.

E este aspecto ó de capital importância agora, sobretudo desde que Portugal já possui uma razoável tonelagem de marinha comercial, suficiente para as suas necessidades, e que infelizmente não tem sido criteriosamente aproveitada nem explorada, pois que toda a gente sabe o que têm sido os critérios e a administração dos «Transportes Marítimos do Estado», e como o País está pior a tal respeito do que quando não tinha navios por a administração desses serviços responsai úlida-des e culpas lhe caberem em tudo quanto se tem passado com matéria do subsis-tências, de comércio e transportes das colónias.

. Tal qual, se não pior, como se não tivéssemos navios!