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Diário das Sessões do Senado—Apêndice

Quer o arsenal continuo onde está, quer se encontre no local que se lhe destina na outra margem, os riscos do tiro indirecto de grande alcance serão os mesmas : e em ambos os casos a sua prevenção e defesa deverá ser feita por grandes canhões, sumersíveis e hidro aviões.

Pelos que já hoje pessuimos e pelo qirj poderemos obter, dentro dos recursos que nos são próprios; isto afora b?m orientadas ligações internacionais, pais que infelizmente longe devo estar ainda o dia, em que por nossa exclusiva dofesr, o arsenal se possa considerar em &cgu~ rança eficaz, esteja ele onde estiver.

É, portanto, minha opinião que não deve haver receios, quer sob o ponto de vista social, quer militar, na passagem do Arsenal para a outra margem do Tejo.

Passo agora a tratar do assunto sob outros aspectos.

. O primeiro aspecto, visto que se trata de um adiamento da realização das obras ó sobre a sua urgência.

Sr. Presidente : era urgente o ano passado como era urgente há muito tempo, a construção de um Arsenal, jião só destinado.a facilitar a reparação e construção de material de guerra, mas sobrotado ,destinado às grandes reparações que se .devem fazer no Tejo.

.Não obstante haver-se sentido sempre ,a necessiêade de que no Tejo se fizessem .as. grandes reparações navais, visava o .projecto primitivo sobretudo à construção ,d.e um Arsenal militar, havendo sido um dos concorrentes, aquele cuja pro-.posta parece mais aceitável, quem alvitrou que o projecto fosse modificado por forma a vir a ser o projectado do Arsenal um estabelecimento de construção naval .militar e mercante e de grandes reparações mercantes..

Só há que louvar semelhante iniciativa, e toma-la na devida consideração, como o fez a comissão de finanças do Senado. Com tal orientação, alarga-se o horizonte, e tem-se na devida conta as conveniências imprescindíveis e vitais do futuro do porto de Lisboa, e as imposições que resultam da situação geográfica de mesmo porto.

Dificilmente poderia arcar a nessa si-.tuação financeira com encargos resultantes da construção de um Arsenal militar; problemática seria quási a vantagem de

tal empreendimento com fins assim restritos, rnas uma Vez alargados os obje-tivos à pequena e média construção e grandes reporáç.5es mercantes, muda tu-talmente o caso de figura, e as conveniências e vantagens de tal empreendimento avolumam e inpDem-se.

Impcnham-se sempre, mas mais ainda hoje, que nos navios ex-alemães possuímos apreciável frota mercante, cujo dispêndio do reparação no estrangeiro é mais que oneroso dado o agravamento cambial que ,o País suporta sem falar já na previsível clientela que há largos ancs vimos desprezando dos navios de toda a ordem que passam "ao largo da nossa costa, feridos no seu arcabouço, demandando portos mais ou menos distantes, Tela certeza prévia de .que a entrada no nosso pOrto em nada podia valer às nr-gent?s necessidades de reparação por ôies suportadas. •

Daí o seguirem, com recursos de aventara para o norte, para o sul, com proveito de Vigo, portos do sul da França e Inglaterra, Gibraltar, etc., desviando-se de nós, como de autênticos pestíferos, por motivo da nossa falta de recursos e incapacidade de construção industrial.

Sr. Presidente: fala-se continuamente" e há muito, e sem' ser com razão, que precisamos aproveitar-nos da situação geográfica privilegiada que tem o nosso pôr-to de Lisboa por cuja embocadura passam frequentemente navios do todas as nacionalicades com avarias mais ou monos importantes, e com menores ou maiores urgências de reparação, e que passam para outros portos, onde tom a certeza de encontrar os recursos industriais de reparação de que necessitam, e que previamente sabem que nem no nosso arsenal, nem nos nossos estaleiros encontrariam ; o mesmo sucedendo por vezes com os nossos navios, desde que as reparações senjam um pouco mais importantes. O que isto representa de prejuízos para a actividade do nosso porto, e da nossa indústria de construção naval é realmente importante, o .cada vez será mais, dado o incremento da nossa marinha mercante devido à presa dos navios ex-alemães, encorporados hoje na frota mercante do Estado.