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Sessão de 13 de Abril de 1921

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Foi por isso, e só por isso, que pus a palavra «declarações», depois de ter o Sr. Celestino de Almeida assinado do mesmo modo.

Ora a forma como S. Ex.a expôs parecia que eu tinha sido influenciado pelo Sr, Celestino de Almeida para modificar a minha opinião.

Não fica mal a ninguém modificar a sua opinião, mas o que por forma alguma desejo é que alguém suponha que me deixo acorrentar à opinião de quem quere que seja.

Posto isto, eu apenas tenho a repetir o que já disse:

O projecto merece ser aprovado, introduzindo-se, porém, um .artigo pelo qual o Governo fique autorizado a fazer, nas condições financeiras da proposta para as obras do novo arsenal, as alterações que julgar atinentes a acautelar os interesses do Estado.

.E por agora, Sr. Presidente, disse.

O.Sr. Rodrigues Gaspar: — Sr. Presidente : folgo deveras em ver como um assunto respeitante à nossa marinha de guerra foi tratado tam bem por um grande número de Srs. Senadores.

Está a marinha acostumada a ser votada ao esquecimento. Ainda agora, nestas últimas homenagens prestadas aos mortos da guerra, eu vi com tristeza que na ocasião solene em que ficavam esses corpos depositados na Batalha, nesta febre de esquecimentos em que vínhamos esquecendo injúrias e crimes, se esqueceram os heróis da marinha nessa Grande Guerra e que foram dos maiores. (Apoiados).

Jazem no Oceano, jazem mesmo em frente da nossa barra e ao norte de Moçambique.

Por consequência, quando se sente bem fundamente que os Poderes Públicos deixam de cumprir um dever, será muito grato para a marinha ver como o Senado deu a sua atenção a um assunto que é realmente, da maior importância.

Não quero fatigar a atenção da Câmara; vou apenas exprimir o meu sentir em breves palavras.

E na verdade, de toda a urgência que o arsenal ^seja transferido para a outra margem. E da máxima conveniência que, além de propriamente se tratar da mari-

nha militar, se acuda aos melhoramentos indispensáveis respeitantes à marinha mercante. Fala-se Sr. Presidente, em sacrifícios incomportáveis.

Não é bem assim. Basta dizer que já em 1733, tendo sido chamado a Lisboa um engenheiro húngaro, Carlos Mardel, ele reconheceu, quando veio estudar as condições do porto de Lisboa, a incapacidade do Arsenal de Marinha —proximamente o arsenal que hoje conta a área— e propunha que tal arsenal fosse construído em frente do caneiro de Alcântara.

Cito o facto para mostrar ao Senado ;que, se hoje a marinha tanto se preocupa com a questão do arsenal, não se trata duma questão de há pouco.

Dá-se o terremoto de 1755, e 'é então construindo o arsenal precisamente naquele local em que se encontra actualmente.

Depois, disto, em 1871 o engenheiro a que eu já me referi, o Sr. Miguel Pais, sustentava que aquele arsenal era uma vergonha para um país colonial como o nosso e dizia que o sítio naturalmente indicado era na outra-banda, propondo entre Cacilhas e o Coma, onde aliás tinha-mos tido importantes estabelecimentos navais já no tempo do Marquês do Pombal.

Depois disto, são nomeadas comissões, e várias foram elas, para estudar a forma de organizar um arsenal para a maçinha de guerra. Porém, os resultados dessas comissões foram sempre ficando nas gavetas à espera de ocasião, até que uma delas insistindo mesmo por uma resposta, dizia que era impossível pensar-se em organizar um arsenal novo no sítio em que estava o actual, mesmo que ele se prolongasse em virtude dos melhoramentos do porto de Lisboa.

Isso dava uma área de cerca de 7 hectares quando hoje o arsenal, mesmo para funções limitadas, não poderá ter menos de 32 hectares.

E então nomeada uma comissão para ver o local. Uns pensam em Montijo, outros pensam na Cova da Piedade e outros ainda no Alfeite.