O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Diário das Sessões do Senado

restabelecer em grande parte a legislação dos conservadores liberíiis, como por exemplo Sampaio, autor do código de 1878. Foi por termos feito isto, cue no campo dos nossos adversários se tem 'dito que a República veio revolver a sociedade portuguesa.

Não. Qr.em a estava revolvendo e subvertendo eram os monárquicos.

A própria legislação eleitoral, fomos nós buscá-la aos princípios sustentados por Barjona e Fontes.

Muito se tem falado, por exemplo, na Lei da Separação do Estado das Igrejas, como se efectivamente nós tivéssemos eii-tão improvisado.

Já no Parlamento Português um conservador mais liberal, o Sr. Silveira da Mota, tinta apresentado uma proposta para a separação das igrejas e do Estado. Como V. Ex.as sabem, um grande espírito progressivo tinha feito uma campanha larga nesse sentido, e foi o Sr. Levy Maria Jordão.

Portanto nós não quisemos com a República revolver a sociedade portuguesa.

O que quisemos nós? Quisemos positivamente dar continuidade ao progresso da sociedade portuguesa, suspenso pela decadência monárquica.

Temos do fazer grande justiça àqueles espíritos liberais, mas temos tarabém do flagelar todos aqueles que nos impuseram o alto dever cívico de derrubar um regime rotineiro, para implantar um regime de liberdade e de progresso.

Muitas vezes se tem dito que a República não estava talvez preparada na consciência nacional.

Estava-o; e estava-o porque? Porque houve um largo período do progresso no país.

Houve dois homens conservadores, mas de espírito liberal; porque conservador não quere dizer avesso ao progresso, que chegaram a duvidar de que a sociedade portuguesa pudesse realizar os seus progressos dentro do regime monárquico, os Srs. José Estêvão e Mendes Leite.

Realizou-se porém em 1848. E roalizou--se porque? Porque durante êsso longo período de 1834 a 1801 se foram formando os homens que depois vieram com o espírito liberal presidir aos destinos da nação e porque desde 1851 a vida dos Governos estabilizara.

Nós não podemos continuar como até agora nesta instabilidade ministerial, sob pena do responsabilidades graves e de grandes perigos para a vida nacional.

Quando nós reparamos no que se passou no período liberal, vemos que após as lutas, por vezes violentas, se iniciou uma vida nova de reconstrução nacional. Quis-se fazer a regeneração e fez-se, por-qoo houvo sim, homens de envergadura para isso, mas' também porque houve tempo para se levar a efeito.

E não quero com isto amedrontar aqueles que fazem oposição ao Governo. . . Sc amanhã o Parlamento entender que há homens que melhor podem satisfazer às exigências tam imperativas da Nação, elos que venham. Mas é necessário que todos nos coloquemos em volta dum plano e não se andem a deitar ministérios abaixo, como quem atira castelos de cartas.

Tenho c.ito.

O orador não revia.

O Sr. Jacinto Nunes (para explicações}:— Sr. Presidente: ouso esperar que o Sr. Presidente do Ministério consiga quo. se suspenda a nova organização da guarda nacional republicana, mas sobretudo, que se mantenha a cavalaria da mesma Guarda. Dizem que esta custa maito dinheiro. Quero crer, porque o gado não está barato e há despesas a fazer com ele.

A verdade porém, é que sem caA^alaria a guarda é inteiramente inútil e seria melhor acabar com ela.

O Sr. Presidente do Ministério sabe o que é o Alentejo e sabe o que se passou com os malteses.

Os malteses infestavam o campo, violentavam as mulheres e roubavam tudo quanto aparecia. Depois que a cavalaria da guarda republicana entrou em exercício, esses grupos desapareceram.

Por isso, o meu pedido é que se mantenha a cavalaria.

Com relação a Rodrigues Sampaio, devo dizer que ele foi mais lógico e mais centralista, do que se tem mostrado o regime repubJcano.

Foi Dias Ferreira quem centralizou os serviços de instrução primária e eu reconheci nele um homem de intuitos liberais.