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Sessão de 11 de Maio de 1921

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O Sr. Ministro da Agricultura (Portugal Durão) : — Sr. Presidente: esta questão dos trigos, divide-se em duas partes: a primeira diz respeita à compra dos trigos. Esta compra evidentemente tem de realizar-se em certas e determinadas condições, para'se saberem as vantagens e os prejuízos que dela podem resultar para o Estado.

A outra parte da questão é da troca dos nossos produtos, em vez de só pagar a dinheiro.

O caso que agora se refere, é respeitante a uma entidade absolutamente desconhecida na praça de Lisboa.

Em tais condições, julgo que nenhum Governo pode tomar uma resolução sobre o assunto (Apoiados).

Se em lugar duma entidade desconhecida aparecesse uma entidade organizada da América, então seria um problema a estudar em vinte e quatro horas (Apoiados).

O assunto foi estudado. ^Urn contrato de tal natureza podia conduzir a uma melhoria do câmbio? Podia, mas também poderia dar o resultado contrário. Todos sabem, a meu ver, que esta questão cambial é mais uma questão de palpite, do que uma certeza matemática.

Em vista do interesse que neste País de «Messias» — e digo de «Messias» porque eu não compreendo que se levantasse o interesse que se levantou — em vista do interesse, ia dizendo, que despertou o contrato, eu aduzirei mais algumas considerações.

Vem um indivíduo desconhecido que nos diz que: — vou exportar tantos mil contos de vinho. Exportar para onde? ^Para o Canadá, para a Inglaterra, para o Brasil, para a América? ,;Mas então não é necessário atender às condições que se dão ? £ Para onde é que eles vão ? ^ Então como é que um só homem .é capaz de fazer mais do que a organização comercial que se tem aperfeiçoado e que se tem desenvolvido.

Perante um facto destes, é absolutamente indispensável não recusar in limind um contrato desta natureza, mas tomar todas as precauções preguntando quais as

garantias bancárias que apresentam, e não começar a negociar sem que uma firma conhecida de Lisboa e Porto nos diga se esse cavalheiro ó pessoa competente para negociar. O orador não reviu.

O Sr. Lobo Alves: — Agradeço a resposta de V. Ex.a, que muito bem revela as suas qualidades.

Folguei em ouvi-lo, tanto mais quanto é certo que podia V. Ex.a deixar-se deslumbrar por cousas gue suposesse óptimas e ter naufragado num contrato que me parece também que precisa de toda a ponderação.

O Sr. Pereira Osório: — O assunto que

vou tratar respeita ao Ministério da

. Agricultura, e também ao Sr. Presidente

do Ministério, visto que se passou em-

quantò S. Ex.a sobraçava essa pasta.

Em fins de Março ou começos de Abril, foram para o Porto 500 toneladas de arroz ao preço fixado de $92 o quilograma. Nem menos um ceitil, por virtude de transporte e diferenças cambiais. Destinavam-se de preferência às juntas de freguesia, para que pudessem estas prover às necessidades dos paroquianos.

Como então houvesse já arroz vendido pelos comerciantes a preço mais baixo, embora de qualidade um pouco inferior, as juntas de freguesia instaram perante as instâncias competentes para que lhes concedessem o arroz por um preço mais razoável.

Nisto se andou trinta e tantos dias, e sempre a responder-se que era impossível.

As juntas não compraram e de repente apareceu em 18 de Abril no Porto um indivíduo, dizendo-se comissário dos abastecimentos, que vendeu essas 500 toneladas ao preço de $81 o quilograma.

Isto causou grande surprêsa} como era de prever.

Quem o comprou por esse preço, vendeu-o logo a $83 o quilograma.

Ora as comissões protestaram, bem como a imprensa, e eu não acredito que o Sr. Comissário dos Abastecimentos desse essa ordem.

Este facto mostra que quem nessa repartição manda menos, é o comissário.