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Sessão de 16 de Janeiro de 1924

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terminado percentagem. Pois esses 3:000 contos «voaram.» mais depressa do qne Gago Coutinho e Sacadura Cabral, no seu raid de Lisboa ao Kio de Janeiro.

Porque não se tratou de conhecer antecipadamente a dignidade das pessoas que tinham feito essa proposta, recomendando--se à polícia que pedisse informações à polícia brasileira. Se assim se tivesse feito ter se-ia sabido que esse indivíduo era um vigarista expulso do Brasil por vigaris-mos praticados no alto comércio do Rio •de Janeiro.

Esta é que é a verdade nua e crua.

E a Câmara fica de braços cruzados não correspondendo ao mandato imperativo da Nação, responsabilizando os Ministros que não cumprem com os seus deveres.

O inquérito feito à nossa representação na Exposição do Rio de Janeiro, pelo que toca às personalidades do Alto Comissário 6 seu adjunto, é um inquérito cheio de parcialidade e que não corresponde à verdade dos factos.

Eu provei nesta Câmara que o Sr. Lisboa de Lima era incompetente para dirigir os negócios da Exposição do Rio de Janeiro.

A resposta foi que o Alto Comissário era autónomo e o Ministro do Comércio tinha acenas de referendar os despachos desse Alto Comissário.

Vou mandar para a Mesa uma nota de interpelação ao Sr. Ministro do Comércio sobre este assunto e hei-de pedir ao Sr. Presidente do Ministério que esteja presente nessa ocasião para que S. Ex.a ouça a leitura dos documentos que tenho nesta pasta.

Reclama-se, em nome da boa moralidade e da boa administraç|o da justiça, um novo inquérito aos actos do comissário Lisboa de Lima e, sobretudo, do seu adjunto o engenheiro Malheiro Rei-mão.

Eu já proclamei a inocência do Sr. Lisboa de Lima com respeito ao desvio dos dinheiros públicos.

S. Ex.a'é uma criatura honesta e tem documentos que provam que o número exagerado de funcionários que levou para o Rio de Raneiro, pagos a4e6 libras por dia, lhe foi imposto, e esse oficial do exército é incapaz de desmentir qualquer afirmação que eu faça.

Reservo-me para essa hora e para esse dia, e o pelourinho espera todos esses que abusaram da inépcia, da falta de energia, e sobretudo da ignorância do Sr. Lisboa deXima.. . ^

Mas também o pelourinho espera, Sr. 'Presidente, que a pessoa que abusou como Ministro ou como Alto Comissário, que cometeu os maiores latrocínios nos dinheiros que estavam destinados à Exposição do Rio de Janeiro, seja condenada, não moralmente, mas ' criminalmente, pelos atentados que se fizeram no momento em que a Nação Portuguesa tinha de se afirmar no meio de todas as nações do mundo.

Sr. Presidente: são estes os factos que a opinião republicana exige que V. Ex.a faça acabar, e na hora em que V. Ex.a acabar com os tentáculos desse polvo enorme que está sufocando a nossa alma de portugueses, V. Ex.a pode ter a certeza que uma auréola de prestígio republicano cairá sobre a sua cabeça e elevá--lo há aos pináculos do maior brilho republicano.

E isto será como que a paga de todos os sacrifícios que V. Ex.a tem feito pelas nossas instituições.

Quando se fez a ditadura que resultou do domínio de Sidónio Pais, V. Ex.a e foi para Santarém, erguer o grito de ré--volta, para que a República não fosse perturbada por uma ditadura mancomunada pelos inimigos da República, os monárquicos.

Não tem V. Ex.a responsabilidade nenhuma nos partidos, V. Ex.a que é independente tem atrás de si a opinião unânime dos sinceros republicanos, V. Ex.a pode fazer uma obra grandiosa, para que alguma cousa ainda se sa've de bom, dentro deste regime, pelo qual, nós, republicanos, temos dado o melhor do nosso esforço, as melhores das nossas energias e vontades.

E para que a história da República seja assinalada por uma governação bem republicpna é necessário que o Sr. Álvaro de Castro não esqueça o seu passado, e erga os seus olhos para o futaro, lembrando-se que o País não pode esperar que S. Ex.a realize uma obra no papel, quere factos concretos, e neste momento só V. Ex.a os pode realizar.