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tiessão de Í8 de Janeiro de 1924

para os lugares de terceiros secretários de legação, terceiros oficiíiis e cônsules de carreira, concursos estes quo já tinham sido anulados por uma portaria de outro Ministro.

Sr. Presidente: como está presente o Sr. Ministro das Colónias, peço a atenção de S. Ex.a para o assunto a que me vou referir.

Creio que S. Ex.a não ignora o que se está passando no Banco Nacional Ultramarino com respeito ao troco das suas notas, e sabe certamente que as notas do 100,5 estão tendo um ágio, ou uma re-dução de 20 por cento, quando se queira tazê-las trocar na sede em Lisboa.

Sr. Presidente: o quo se está fazendo ó mais uma trampolinice do Banco Nacional Ultramarino, com foros do Banco do Estado porque está saltando por cima da lei cometendo as -maiores tropelias. Num país civilizado como pretende ser o nosso e desde que temos um Governo republicano e sobretudo um Ministro republica-no-histórico na-pasta das Colónias, não se pode consentir factos desta natureza.

Desejo preguntar ao Sr. Ministro das Colónias se conhece algumas leis referendadas por alguns dos muitos Ministros seus antecessores, que permitam ao Banco Nacional Ultramarino trocar as notas das colónias com 20 por cento de ágio, ou desconto. Além de que, sabe S. Ex.a quo o povo português ostá do há muito convencido que o Banco nlío tem o direito de fazer semelhante redução, mas é preciso que S. Ex.a venha dizer à Câmara, que o mesmo é que dizer perante o país o que há a tal respeito, pois é necessário que terminem os abusos que o Banco está cometendo, obrigando-se o Banco a seguir o bom caminho.

O povo português não pode consentir a verdadeira extorsão que está sendo feita por essa bancocracia.

Sei muito bem ler 100$ e sei quanto vale 100$. Como portador de uma nota de 100$ vou à sede do Banco e hão-de dar-me 100$ e não só 80$, e não me pagarão 80$ apenas, e não me imporão a condição de fazer apenas trocos na importância de 200$.

Ora, Sr. Presidente, o Sr. Ministro das Colónias há-de tomar em csnsideração esta questão, e há-de dizer ao Banco Ultramarino", sobretudo aos seus dirigentes —

que são qualquer cousa dentro da finança portuguesa, os responsáveis ou irresponsáveis da situação tortorosa que.atravessamos— que esto estado de cousas não pode continuar, e não há-de .continuar porque, se o Congresso da'República se não interessar por este assunto, em breves dias, alguma cousa de extraordinário se -passará de maneira a finalizar esta situação.

Sr. .Presidente: para'conservarmos a nossa existência, que é preciosa, para S. Ejç.a conservar o seu lugar "de Ministro, e para que a República se mantenha firmo e resoluta na posse dos negócios do Estado e do País, é preciso quo S. Hx.;i comece por ensinar cortas entidades, o co-rece polo Banco Nacional Ultramarino, por este dolo.

E, Sr. Ministro, V. ExAfaçá o favor do lançar os seus olhos misericordiosos e republicanos sobre a situação que osta-mos atravessando.

Entrámos no regime do pavor. Eu já. não sei, Sr. Presidente, só os minguados escudos quo tenho em casa me chegarão amanhã para comprar um quilograma do pão.

E preciso que o Sr. Presidente do Ministério estabeleça a confiança da Nação, e que mando dizer aos exploradores do povo, afirmando a sua coragem, quo eles não podem continuar ossa especulação exercida pela bancocracia, que foi recrutar, para sua segurança, elementos na grande família republicana que foi sempre honesta.

Sr. Presidente: não há amigos, não há política, não há partidários nesta questão, que é a questão da Nação. Tem que apenas haver uma vontade, só um gesto de força, violento, vigoroso, que nos tire do perigo que estamos atravessando, que traz a consciência da Nação alvoroçada a ponto de poder chegar ao mais violento dos protestos.

Sr. Presidente: nada de contemplações.

Veja V. Ex.a que os géneros de l.a necessidade estão acompanhando o gran-do salto que deu a libra, de ontem para hoje, e que permite dar para amanhã.