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Sessão de 12 de Fevereiro de 1924

assunto urgente têm a bondade do se levantar.

Foi aprovado.

O Sr. João Carlos Costa: — Os meus

agradecimentos à Câmara por me ter permitido tratar deste assunto.

É do conhecimento do Senado que há dias, devido ao temporal, naufragaram dois navios, um quási junto à barra de Lisboa e outro próximo do Cabo de S. Vicente.

Pelo primeiro relato dos jornais esses navios tinham-se farto-de pedir socorro com. fogachos e outros sinais e por meio da telegrafia sem fios, sem que ninguém lhes tivesse prestado socorro. Nas-notícias que hoje os jornais publicam dizem que o navio n&o chegou a pedir socorro.

Como as notícias dos jornais podem ser transmitidas para o estrangeiro e lazer supor quo não houve da nossa parte a assistência devida aos navios que pediam auxílio, PU uso da palavra para chamar a atenção de V. Ex.a e provocar explicações de parte do Sr. Ministro da Marinha, por forma a desfazer essa má impressão que lá fora poderá ter produzido qualquer notícia a tal respeito.

Por uma convenção internacional todos os países de costa marítima são obrigados a ter" mei-os para prestar-auxílio e assistência aos navios õm caso de perigo. Nós satisfazemos a assas.-condiçttes, ternos uma esquadrilha de assistência ô' salvação.

Se realmente é verdade-que o navio encalhado na Parede pediu socorro, tal devia constar dos respectivos registos, qtier do posto radio-tolugráfico de Monsanto, quer nos restantes, visto que nesta ocasião todas as estações de telegrafia sem fios do país estão em serviço permanente, e necessariamente qualquer delas teria entendido o tam conhecido sinal de socorro «S. O. S.».

Desejaria pois, que o Sr. Ministro da Marinha me informasse se sabe se o navio pediu socorro e não foi atendido senão depois de encalhar próximo da Parede, tendo-lhe então prestado auxílio a estação de Paço de Arcos. • • •

Com relação ao navio que naufragou em S. Vicente, parece que de facto não chegou a pedir socorro; em todo o caso, creio que o Sr. Ministro da Marinha ainda chegou a mandar para lá uma canhoneira para lhe prestar auxílio.

O outro assunto que eii desejo tratar é o da carta que vem no Diário de Noticias de hoje, assinada pelo comandante Saca= dura Cabral.

Essa carta fazia referências especiais ao Senado". Pela minha parte repilb-a e não me causa admiração, porque toda a Câmara conhece a maneira como S. Ex.a há tempoa nos tratou, • ' Tendo sido recebido no Congresso, após a sua viagem aérea ao Brasil, com todo o carinho e admiração, S. Ex.a aproveitou essa ocasião.para nos dar com os pratos na cara.

' Vozes :—Apoiado! Apoiado í

O Orador: — S. Ex.a foi extraordinariamente inconveniente nessa sessão.

Essa carta visa a dois fins:

O primeiro é mais uma pedra atirada aos parlamentares; é um auxílio a essa campanha que aí anda a esboçar-se contra o Parlamento.

O Sr. Sacadura Cabral foi atirar mais uma acha para a fogueira, porque S. Ex.a tem umas ideas políticas que a maior parte dos senhores parlamentares conhecem.

O segundo fim é o seguinte:

Determina o regulamento da aeronáutica naval que o pessoal que faz parte desse serviço seja sujeito a uma inspecção médica de seis em seis meses j porem essa inspecção nunca se fazia, até que, há quatro meses, uni dos oficiais a quem competia fiscalizar esse serviço preguntou por que se não cumpria essa disposição regulamentar. Foi-lhe respondido qualquer cousa, e então foi mandada fazer a inspecção. Um dos inspeccionados foi o Sr. Sacadura Cabral. Os médicos que o examinaram reconheceram que o Sr. Sacadura Cabral não tinha aptidões para aviador, por deficiência de visão. Daí resultou o Sr. Sacadura Cabral receber uma guia para ser presente à junta de saúde naval, a qual deu S. Ex.a como incapaz para o serviço da aviação, e, uma vez dado por incapaz, já não podia fazer os reclamos aos motores, única vantagem prática que resultaria da sua projectada viagem de circumnavegação.