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Sessão de 12 de fevereiro de 1924

ii

tro do Interior, porque isso já se passou há muito tempo.

Recordo-me agora de que uma das cousas de que eu desejava tratar, na presença de S. Ex.a, era de umas notícias que eu lera na véspera, publicadas nos jornais, anunciando uma nova revolução.

j Já se anunciam as revoluções! E por isso eu desejava preguntar ao Sr. Ministro do Interior o que sabia a respeito desse espectáculo que está sendo tam reclamado. Os anúncios continuam, e nestas condições, eu desejava que S. Ex.a me informasse sobre o estado da ordem pública, visto que, constantemente, os jornais anunciam que ela é periclitante.

Espero que o Sr. Ministro do Interior dirá alguma cousa a tal respeito.

O outro assunto fôra-me sugerido. Seria um assunto de mínima importância, se se não prendesse com o prestígio do país, mas assim já não é tam insignificante a sua importância.

Quando se realizou o funeral do eminente homem público, Teófilo Braga, a certa altura, apareceram umas criaturas fardadas com uma farda desconhecida, e que se apresentavam como representando não sei o quê. Achei curioso e preguntei o que representavam aquelas fardas. Foi--me dito que eram uns Cavaleiros da Ordem de Santa Maria do Castelo.

Achei Je mau gosto que, num funeral de um homem como Teófilo Braga, se apresentassem máscaras e se exibisse aquela grotesca manifestação. Mas, emfim, a polícia não tinha conhecimento que se tratava de uma mascarada, e por isso não tomou as providências que o caso requeria, e esses cavalheiros tomaram parte no funeral, como se se tratasse de pessoas0 que nele devessem ir.

Porém O Século, que eu aqui tenho à disposição do Sr. Ministro de Interior, diz que esses cavalheiros...

Uma voz: — Cavalheiros e cavaleiros!

O Orador: —... tinham reunido para várias cousas e deliberaram eleger grandes cavaleiros os reis de Espanha, e da Bélgica, eleições que tinham sido comunicadas aos respectivos soberanos.

Risos.

Efectivamente, no Ministério dos Negócios Estrangeiros informaram-me que, por

mais de uma vez, várias pessoas eminentes do estrangeiro tinham mandado preguntar àquele Ministério o que queria, dizer a Ordem de Santa Maria do Castelo, por terem recebido comunicação de haverem sido investidos em graus dessa ordem.

Ora isto é que já é com o Governo.

Apoiados.

Isto é que excede os limites de uma farça !

Apoiados.

Isto ia briga com o prestígio do País e das nossas leis.

Apoiados.

As ordens religiosas portuguesas têm a sua legislação especial, e eu suponho que não há o direito de fazer o que se fez com essa ridícula mascarada.

Chamo, pois, para o caso a atenção do Sr. Ministro do Interior, e estou certo de que S. Ex.a providenciará a fim de que se não continue a abusar do prestígio do País por esta forma indecorosa de se dirigir a soberanos estrangeiros para os graduar com fantasias ridículas.

Creio que o assunto merece a atenção do Governo.

O Sr. Ministro do Interior (Sá Cardoso) : — Sr. Presidente: para dois assuntos chamou a minha atenção o ilustre Senador Sr. Augusto de Vasconcelos.

Começo pelo último a que S. Ex.a se referiu, para -declarar que sou um pouco colhido de surpresa tendo que dar absoluta razão às considerações que S. Ex.a fez.

Eu tenho uma péssima memória, e não posso, portanto, dizer o que se passou com essa célebre Ordem de Santa Maria do Castelo, mas parece-me que há um ou dois anos se tratou de qualquer cousa sobre o assunto, e até, se não estou em erro, na Câmara dos Deputados.

Mas p que eu posso desde já assegurar a S. Ex.a é que eu transmitirei as suas considerações ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, para S. Ex.a pôr cobro a factos que, de forma nenhuma, podem nobilitar o País.