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Diário das Sessões do Senaâo

tro da Marinha declarado que não ora verdade.

Pois foi o mesmo Sr. Ministro da Marinha que disse a esses sargentos quo era necessário ccnstar no atestado que eram julgados incapazes de entrar em movimentos revolucinários!

O primitivo documento exigido pelo Sr. major-general da armada exigia um atestado sobre o futuro procedimento dos interessados.

Sr. Presidente: não posso admitir o que se passou. Exijo que o Sr. Ministro me dê explicações cabais sobre o seu procedimento.

Não quero crer que se trate duma questão pessoal, porque, se assim fosse, não seria este o lugar próprio para a dirimir.

A não ser que o Sr. Pereira da Silva nunca me tivesse perdoado ter eu concorrido, como chefe do gabinete do Sr. Ministro da Marinha, Júlio Martins, p&ra o seu regresso a Lisboa mais depressa do que desejava, quando estava em Inglaterra, usufruindo boas libras, como chefe da missão encarregada da compra dos cruzadores Carvalho Araújo e República.

O acto praticado pelo Sr. Ministro da Marinha, de acordo com o Sr. major general da armada, é muito gravo, pois não posso admitir que, sendo eu um oficial superior da armada, do qual ninguém tem nada a dizer da sua honra, nem da sua competência técnica, não seja acoite o atestado por mim passado.

Eu exijo explicações sobre este procedimento do Sr. Ministro da Marinha, e saliento o facto de ter sido o próprio Sr. Ministro que, depois de dizer aos sargentos que era melhor eles irem procurar on-tro oficial para lhes passar outro atestado, lh( s pede que não me digam nad.i do que lhos disse.

O Sr. Ministro da Marinha, que tanto fala em disciplina, é quem, pelo seu pro-ced"mento, está causando a indisciplina.

Não passei o atestado levianamente; todos esses sargentos têm a sua medalha do prata de comportamento exemplar e são leais servidores da República.

Se não convém na marinha leais servidores da República que o digam.

Sei que alguns dos sargentos a quem eu tinha passado o atestado foram procurar um outro ofieial, que lhes passou

in outro atestado, e serão em breve rein-egrados.

Portanto, mais uma prova de que o atestado por mim passado era absolutamente verdadeiro.

Sr. Presidente: como disse, não quero crer que se trate duma questão pessoal, mas sim duma questão política, por os Srs. Ministro da Marinha e major general da armada não poderem tolerar o partido r, que eu pertenço.

O contra-almirante Sr. Pinto Basto, actual major general, sendo primeiro comandante do corpo de marinheiros, peJo 19 de Outubro, tive para com ele sempre todas as consideraç.õos, e não querendo eu entrar no quartel de marinheiros à força, ccmo podia fazor, telefonei-lhe pedindo armamento para o Arsenal, tendo siclo o próprio Sr. almirante Pinto Basto que me disse quo mandaria duas forças, comandadas por oficiais, para o Arsenal da Marinha, em lugar do armamento pedido, aderindo, portanto, espontaneamente ao movimento de 19 de Outubro.

O Sr. almirante disse-me também pelo telefone que se pensássemos em soltar alguns presos o fizéssemos sem quebra da disciplina.

Assim se fez, para que o Sr. almirante ]7ian':ives.se sempre a sua, força dentro do quartel de marinheiros..

Não há razão nenhuma, portanto, para o procedimento de S. Ex.a, assim como para o procedimento do Sr. Ministro da Marinha..

Reservo-me para continuar as minhas considerações depois de o Sr. Ministro da Marinha falar.

O Sr. Ministro da Marinha (Pereira da Silva): — Ouvi com a atenção devida as considerações foitas polo Sr. Procópio de Freitas, e devo declarar à Câmara que não tenho nenhum ressentimento pessoal para com o capitão-tenente Sr. Procópio de Freitas.

E verdade ter eu dito nesta Câmara que as praças e sargentos quo tinham sido abatidas ao efectivo da armada podiam ser reintegradas desde que um oficial dosso uma informação condigna e de confiança, para me assegurar que elas não repetiriam os actos de propaganda revolucionária e dissolvente que praticaram.