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Diário daí Senões de Senado

Câmara da muito digna presidência de V. Ex.a venho depor o meu veemente protesto contra o inqualificável modo de proceder da Ex.raa comissão de verificação de poderes dessa Câmara, que até ao escrever estas linhas ainda não deu o seu parecer sobre a eleição do Senador pelo círculo de S. Tomé e Príncipe.

Tal procedimento faz convencer que não são boatos tendenciosos os que têm circulado por esta cidade de S. Tomé, mas que há neles um cunho de verdade. Diz-se publicamente que os democráticos hão-de empregar todos os esforços ao seu alcance, junto de qualquer das Ex.mas comissões de verificação de poderes, para ser invalidada a minha eleição; por isso mesmo o candidato batido pelo eleitorado, faltando-lhe a coragem de, perante a as-«emblea do apuramento, apresentar o seu protesto pelo qual julga ilegal a minha eleição, reservou-se o direito de o apresentar à Ex.ma Comissão de Verificação de Poderes.

Tanto mais me convenço da espoliação que se me quere fazer do mandato que me foi conferido livre e voluntariamente pelo eleitorado de S. Tomé e Príncipe, quanto é certo que se lê no n.° 1:000 de A Manliã,, de 18 de Fevereiro do corrente ano, o seguinte: «As comissões de verificação de poderes estão consitando muitas más vontades, filiadas no facto de só serem válidas? haja o que houver, as eleições dos candidatos democráticos, havendo uma pequena tolerância para os literais, seu aliados... E por hoje não faremos nenhuma referência às candidaturas das colónias, as quais, ao que nos dizem, também vão dar que falar, porque se pensa, ao seio das comissões, em adcp-tar desta vez um critério diferente de que sempre tem sido seguido. Amanhã veremos.

Não quis, na minha boa fé de republicano crente, dar crédito aos boatos que tomei como caluniosos, por isso j alga vá inacreditável que, em plena democracia, se fizessem ressucitar os detestáveis processos da Azambuja e do Peral, contra os quais protestaram, no tempo da monarquia, os republicanos. Mas pelo que acabo de transcrever do A Manhã, jornal republicano e dos mais cotados sob a respeitosa direcção .dos Srs. Mayer G-arção e Luís Derouet, republicanos insuspeitos,

convenci-me e convenço-me de que os de» mocráticos no Poder seguem os mesmos processos que na oposição combateram-

A ser assim, escusa, de haver eleição,, se a vontade da maioria nada vale.

Foi por isso mesmo que em 1892 protestei quando os monárquicos roubaram a eleição de Feio Terenas, o candidato mais votado, contra o monárquico José Dias Ferreira.

Foi, contra as violências dos monárquicos em 1910, que protestei contra o roubo da eleição de Fernão Boto Machado.

E hoje em plena democracia protesto contra a espoliação que se me quere fazer.

Instado pelos 25 eleitores, de entre eles alguns europeus republicanos históricos, que me ofereceram a eleição nos termos do artigo 9.° da lei eleitoral n.° 314, de l de Junho de 1915, e ainda por quási todos 415 que me deram, os seus votos, venho perante V. Ex.a e a Câmara da sua digna presidência, e ainda perante o País inteiro que me escuta, apresentar o meu veemente, mas enérgico, protesto contra a espoliação que a Ex.ma Comissão de Verificação de Poderes quere fazer da minha eleição para dá-la a um seu correligionário que obteve apenas 77 votos, e sabe Deus os processos para se obter a maioria desses 77 votos, apesar do telegrama do Ministro das Colónias de que o «governo deseja mantida a mais absoluta imparcialidade próximo acto eleitoral e recomenda seguir orientação sentido garantia máxima liberdade voto».

A liberdade de voto que se garantiu foi a pressão exercida sobre o pequeno funcionário. O alter-ego do candidato democrático, desassombradamente e com certa ufania para alguns dos pequenos funcionários, dizia:

«É o Sr. governador que quere que se vote no Sr. Serra e Moura para Senador».

O secretário geral interino, Ernesto Luís Dias Lobo, feito, sem brio nem respeito pelo lugar que exerce, e com certa jactância, galopim eleitoral, distribuindo listas em nome do Sr. governador pelos funcionários que mio são dependentes da sua repartição, e ainda querer ter o desplante de votar pelo seu irmão.