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Sessão de 24 e 25 de Março de 1924

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o funcionalismo é um:elemento parasitário da Nação.

Muitos apoiados.

Sr. Presidente: .coerente com a doutrina que venho sustentando há muito tempo, eu suponho que o Estado terá de tomar à sua conta muitos mais serviços do que actualmente tem.

Diz-se também que há funcionários a mais.

Outro engano, Sr. Presidente. Poderá haver funcionários uns mais competentes que outros, mas não há funcionários a mais.

Diz-se também que o funcionalismo ganha exageradamente.

É uma afirmação absolutamente inexacta e .eu vou prová-lo imediatamente.

Ainda há poucas semanas, na Inglaterra rebentou uma greve do pessoal de máquinas dos caminhos de ferro.

A greve esteve demorada, difícil de resolver.

Quinze xelins. .

Era esta a oferta das companhias, e quinze xelins ao câmbio actual é cousa aproximada com setenta e tantos mil réis por dia.

. Dir-se há: a Inglaterra ó um país rico, nós somos pobres. .

Perfeitamente de acordo. E por isso direi que estou.de acordo com os Srs. Senadores que disseram que este problema relativo aos correios e telégrafos se devia resolver quando se resolvesse o de todo o pessoal.

Mas todos nós sabemos como é difícil atender a todos porque nem todos são pagos pelas mesmas receitas.

E o facto de o não podermos resolver para todos ao mesmo tempo não é razão para o.não fazermos para uma classe sob todos os pontos de vista prestimosa.

Neste projecto de autorização trata-se menos—isto é bom que se afirme — de melhorar a situação material duma classe, do que de dignificar a classe, que é a sua principal aspiração.

Quando foi votada a lei n.° 1:355 é chegámos ao artigo 25.°, levantei a minha voz para combater energicamente esse artigo, e então disse que, se até aqui nós tínhamos contra nós e contra.a Nação os novos ricos, daí em diante teríamos contra

nós, todos os novos ricos mais novos e todo o funcionalismo.

E porquê?

Porque essa lei é disparatada, trouxe contra-sensos formidáveis, erros que acarretam para a administração gravíssimas dificuldades, o a par de casos disparatados, que são consequências da execução dessa lei, há verdadeiras iniquldades,

E contra uma dessas iniquldades que os correios e telégrafos fazem esta reclamação. - • - x •'.,

Ê efectivamente , conveniente, que habi-. litemos o Governo com a autorização necessária .para remodelar estes, serviços e atender a aspirações, que} sãcr de todo o ponto justas. . . ;

Eu segui com particular atenção a campanha, o trabalho do Presidente Wilson durante a guerra.

Toda a Câmara sabe a influência que esse homem — o grande morto —- teve no mundo inteiro com a sua ideologia.

Quando Wilson fez a campanha eleitoral preparatória da sua eleição sustentou este ponto de vista, de que não havia prosperidade numa nação quando o verdadeiro sustentáculo dela não se sinta desembaraçado, feliz, não sinta diante, de si nenhuma maneira de progredir.

Sr. Presidente: quando os sustentáculos da sociedade não se sentem felizes não há alargamento possível.

O grande Presidente Wilson tinha um grande amor , ao povo. Também eu, Sr. Presidente, e devemos atender a que o povo português não é ò peoplè -inglês, tem uma significação mais restrita, ó este aglomerado que vive ganhando cotidia1-namente o

Sr. Presidente: nem só do pão vive o homem, é preciso que esta classe povo, que é a mais sólida garantia das ideas republicanas, se sinta feliz, sinta o futuro desanuviado.

Essa acusação de parasitismo que se faz ao funcionalismo por parte das forças vivas é absolutamente falha de fundamento, porque chusma de parasitas é essa gente que essas forças.sustentam nos bancos à sua^ custa, e essa grande quantidade de negociantes da última hora que concorrem para a vida estar cara.