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de 8 de Abril de 1924

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Houve outras questões, falou-se em formas de processos e ca forma de procurar que os direitos das duas partes ficassem -devidamente assegurados.

Recordo-me que o Sr. Catanho de Meneses [nessa ocasião, tinha receio conceder o aumento das rendas aos senhorios, porque podia muito bem ser que lhe co-inessein a carne e ele ficasse com o osso.

Devo dizer agora a S. Ex.a que se inverteram os termos, porque estamos aqui •há imenso tempo a ver se conseguimos aprovar uma lei do inquilinato e ainda não a aprovámos.

O Sr. Oriol Pena: — O meu velho amigo, que se lembrou de me interromper, esquece-se de que a crise do inquilinato teve .a sua origem logo na implantação deste «gracioso» regime que tam desgraçadamente nos inquieta, nos rege e nos esfola, (Não apoiados) isto é, na lei de 1911.

Foi gizada pelos super-homens da República ...

O Sr. Ribeiro de Melo (interrompendo}:— Era melhor quo V. Ex.a dissesse que foi gizada por quem tinha competência para o fazer.

O Orador: — Mas naturalmente foi girada pelos super-homens da República e para ser fixada como uma lei de câmbio.

O Sr. Ribeiro de Melo:—Sobretudo para ser mal apreciada pelos super-homens da jnonarquia! .. .

O Orador (continuando):—Mas não foi nada disso. Esta lei, que vinha com essa intenção, visava unicamente a um fim: avolumar o eleitorado para votar e dizer amen a tudo o que fizesse o novo regime. \ O lindo pãozinho que saiu do forno é aquele que estamos a loer!

Levou tanto tempo a fazer para se tomar no que está!...

O Sr. Ribeiro de Melo: — E que o fermento era da coroa!

O Orador: — Serviu para .a propaganda eleitoral, serviu para dar a ilusão de que o regime se consolidava, e o regime, que .tinha começado a querer mostrar juízo,

em curto espaço descambou e levou-nos à situaçdo brilhante em que nos encontramos:' isto é, com dinheiros que são apenas farrapos de papel e que dão em resultado os proprietários estarem a receber readas mobilizadas no princípio de 1911, quando a libra valia 4$50, tjuando esta quantia era representativa de ouro, quando, emfim, o dinheiro valia e nós estávamos habituados ao preço das cousas e não tínhamos a estranheza que temos hoje quando nos pedem 150$ por um par de botas.

Sei que há pessoas para quem as botas e os seus preços actuais são a mesma cousa que outrora, mas isso não acontece aos proprietários antigos que com uma vida cheia de trabalho tinham aumentado qualquer cousa para viver.

V. Ex.as sabem muito bem que um comerciante levava 30 ou 40 anos a fazer uma fortuna modesta, mas que lhe garantia uma velhice tranquila e a educação dos seus filhos, em contraposição com alguns de hoje que fazem grandes fortunas rapidamente.

E em quanto estes vivem à-larga, aquele está a morrer de fome, anda esfarrapado, porque o carinho dos republicanos vai só para os inquilinos e despreza os proprietários.

Ora quando os proprietários pela nossa voz chegam à abnegarão de se contentar com Ye do que legitimamente lhes deveria ser garantido parece excessivo que se lhes queira ainda tirar mais.

O Sr. Virgolino Chaves falou nas casas pequeninas. Trouxe-me isso á idea uma quadra lida num livro muito interessante.

Diz assim:

Quem casa não acha casa Nem grande nem pequenina Só encontra casa certa Quem casar com a Marcelina.

Não sei se sabem quem é a Marcelina.

O Sr. Ribeiro de Melo: —Naturalmente era a «outra senhora»!

O Orador: — Não, senhor. Vejo que V. Ex.a não leu o espirituoso livro a que me refiro.