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Sessão de 8 de Abril de 1924

na matéria que esta Câmara contém no número dos seus membros.

E, caso notável, quási todos exprimindo uma idea de revolta, senão de rejei-gão completa por o que nos vêm propor.

Sr. Presidente: nos tempos já distantes, em que era mais novo, tinha mais expediente, mais actividade, tive de reduzir ao indispensável as minhas despesas por ter diante do mim o grave problema de refazer as minhas finanças inteiramente avariadas por uma praga que todos nós conhecemos e assolou o país de norte a sul, começando pelo norte, onde arrazou por completo a região duriense.

Para preparar esse ressurgimento dos meus haveres tive de desenvolver uma actividade grande, tive de me dar a leituras extensas de livros especiais, a estudo demorado dos assuntos que me interessavam, procurando saber o que se fazia na Itália e em França, lendo o que dizia respeito às regiões vinícolas da França, o país mestre da vinicultura de toda a Europa. ;

Entre essas descrições interessantíssimas, dos vinhedos da Gironda, a propósito das notáveis propriedades chamadas superiores, as primeiras em qualidade daquele país, Margaux e Laffite, reconhecidas e apregoadas como tais em todo o mundo civilizado, vem-me à memória uma frase pitoresca usada pelos courtiers, os provadores de vinhos mais reputados de todo o mundo com que entendem pôr de acordo- a rivalidade de procedência entre os dois notáveis ckateauxovi quintas, como nós diríamos.

Dizem eles, quando os consultam a esse respeito: um é o macho, o outro a fêmea, sem se poder distinguir qual o macho ou a fêmea, mas não consta que algum tenha filhos.

Dificuldade semelhante é a de agora, sendo muito difícil distinguir a paternidade desta disposição que estamos a analisar.

Sabe-se ter, originariamente, dois pais, e não me atrevendo a dizer qual deles seja fêmea, não sei como foi gerado.

Pais da criança são dois distintos advogados que o trouxeram aqui: um o Sr. Catanho de Meneses, da velha guarda, 40 .anos de carreira, senão mais —não o quero fazer mais velho— citado em todo o foro de Lisboa como ilustre causídico e

um notável jurisperito (Apoiados); o ou-r tro, o Sr. José Domingues dos Santos^. Ministro da Justiça, muito mais novo, tendo no Porto conhecida e merecida cota-r cão.

. A paternidade —pater is est quem nu-ptiae demonstrant— atribui-se a S. Ex.as' os dois.

Risos.

A maternidade não sei, mas deve ser pessoa de pouco boas intençOes.

Isto é um aleijão que não pode ter concerto.

Dito isto para nos dispormos bem, quero procurar nas suas origens a crise de onde tudo vem.

É certo que na larguíssima discussão-que teve a proposta de lei aqui apresentada debaixo do patronato do Sr.c€fota'~ nho de Meneses na sessão do ano passa.-do, e brilhantemente atacada e tratada pelo-meu prezado amigo- e distinto, colega Sr?. Querubim Guimarães, se chegou mais ou menos a um concerto que poderia levai> -nos a assentar numas bases de onde poderia sair qualquer cousa mais aceitável, em alguns casos e mais viável.

Nesse acordo mais ou menos guisado e assente, em que tinha sido plenipotenciáf rio do nosso lado o Sr. Querubim Guimarães, sendo representantes dos outros lados da Câmara'os Srs. Alfredo Portugal e-Catanho de Meneses, assentaram-se certos pontos de vista e de acordo com eles-mandarâm-se algumas emendas à Secção»

Com espanto nosso vimos depois ter tudo sido rejeitado.

Apareceu-nos então de golpe e de surpresa um projecto de um só artigo; não-tenho aqui a cópia da autoria do Sr. Catanho de Meneses para substituir ou antepor-se ao projecto anterior.

Infelizmente para S. Ex.a e para nós o-Sr. Catanho de Meneses adoeceu com um» ataque demorado de gripe, que se repetiu com insistência, impossibilitandò-o durante semanas de comparecer às sessões.

Só depois tive conhecimento desta linda cousa que tenho diante de mim.