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./Sessão de 8 de Abril de 1924

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que desde 1922 para cá as cousas se têm modificado bastante, pois se dantes se emprestava dinheiro a 8 ou 10 por cento, hoje está-se emprestando a 30 e a 35 por •cento, quando se encontra, assim como •então o câmbio estava a 4, o que representava a libra a 60$, e actualmente está a l 3/8j o qne representa, se não estou em erro, a libra u 140)5.

Já por aqui S. Ex.a está vendo a di-ierença que há de então para cá.

Depois, creio que foi o Sr. Bernardino Machado que prolongou o prazo para pagamento das rendas até o dia 8, e a boa justiça manda que se diga que são justamente os das .classes altas aqueles que mais descaradamente abusam desta faculdade. O povo trabalhador, esse cumpre, porque ainda ó constituído por portugueses fundamentalmente- honestos.

Sr. Presidente: incidentalmente, .quero referir-me a uma notícia que tem-vindo publicada nos jornais, convidando o inquilinato a vir aqui protestar contra a demora na aprovação na lei.

Devo dizer que notícias desta natureza não me influenciam em nada, porque nada me impede de dizer sempre a verdade e .aquilo que sinto.

Entendo que nós devemos sacrificar ;um pouco dos nossos interesses, mas esse •sacrifício vai já além do que é razoável, •o que nos dá o direito e a autoridade moral para dizer que estamos a ser roubados e que este papel quere continuar a roubar-nos. Este é o termo, é português, •e não sei outro.

Sr. Presidente: reatando as minhas considerações, devo dizer que muitas das medidas promulgadas têm feito com que vérios indivíduos levem as suas fortunas para o estrangeiro e para lá vão aplicar a sua actividade.

Posso afirmar que o pouco que tenho, tenho-o dentro do pais.

O Sr. Ribeiro de Melo : — É V. Ex.a ó patriota.

porque

O Orador:—Passo, não sei por que razão, por uma pessoa rica, mas devo dizer a V. Ex.a que todos os dias tenho medo de não me chegar o pouco que tenho. Todavia, repito, não tenho um vintém no estrangeiro.

Talvez isto seja ser patriota; talvez

outros me chamem tolo; no emtanto, não me preocupo com a classificação.

Os interesses dos proprietários são por 0 completo esquecidos e poucos são aqueles que os defendem. - Todos que fazem negócios aumentam à vontade as géneros, s6 ó senhorio é que não tem regalias de espécie alguma.

Tudo explora, e até as casas de batota se têm deixado viver livremente, e os clubes, alguns centros de devassidão, sem que ninguém com isso" se importe.

Apoiados.

Felizmente, agora, parece que a autoridade está cumprindo o seu dever. Parece que o actual comandante da polícia é estimado e tem dedicação e sabe o que faz. Os nossos soldados quando tem um comandante bom vão até para o inferno.

O Sr..Ribeiro de Melo:—V. Ex.a naturalmente "quere dizer que se o Sr. Ministro da Agricultura se tivesse rodeado de bons fiscais, não iria tanto dinheiro para a moagem.

O Orador: — Isso agora não tem nada com o que eu estou a referir. Eu falo de uma maneira geral.

E tudo isto são assuntos que se relacionam intimamente com a questão que estamos tratando, com a questão do inquilinato, que precisa remediada prontamente; mas com remédio sensato e justo.

Toda essa abundância parece realmente provir de fortunas; essas casas comerciais, Bancos e banquetas que há por esse País fora não traduzem, na intranquilidade em que vivemos há anos, pela estabilização do ouro ou dólares, senão ruína.

A riqueza, dum país não é mais que o resultante da riqueza individual de todos os seus habitantes.

É por isso que julgo ser sempre mau fazer leis restringindo a aplicação livre do dinheiro e o livre exercício das indústrias, promovendo indirectamente a emigração do capital assustado, que o procurará fazer por quaisquer processos, nada fáceis de evitar.

Não é fácil evitar essa fuga.

Vou propriamente passar a discutir o projecto.