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-Diário da» Sessões do Senado

Câmara. Acabo de ser informado que não está. No emtanto eu farei presentes aos respectivos Ministros as considerações de V. Ex.a

O Sr. Alfredo Portugal: —Era para abordar o mesmo assunto a que se acaba de referir o Sr. Oriol Pena que eu tinha pedido a palavra a V. Ex.a, e começo por lamentar que não estejam presentes nem o Sr. Ministro da Agricultura nem. o Sr. Ministro do Interior, aos quais teria que me dirigir, e isto pela razào simples de que o Governo, reunido em Conselho ie Ministros, deliberara, segundo vejo nos jornais, que a solução do conflito existente, por virtude da greve dos panificadores, fosse entregue àqueles dois Srs. lli-nistros.

O caso é grave e muito gr&ve, e ainda se agrava mais com casos que nada servem para dignificar o regime. ' Parece que há, o propósito, naqueles raros estabelecimentos onde se vende pão, de/ dispor mal o público, agravando-o, pois contra todos os bons princípios, procura satisfazer em primeiro lagar os iri-litares, com desprezo manifesto por aquele.

Sucede, como foi presenciado por muitas pessoas que mo afirmaram muito peremptoriamente, que militares servidos em primeiro lugar fora da «instituie-Io nacional» as bichas, vinham vender pão que eles compravam por $80 ou $90, por 1$50 on 2)500 às pessoas que, para não esperarem horas ou por qualquer outro motivo, se viram obrigadas, a dar-lhes todo o dinheiro que os mesmos lhes pediam!...

Isto é verdadeiro, Sr. Presidente, e E.O mesmo tempo grave, porque, se o Governo recomendou e deu instruções para que não houvesse assambarcamentos de pão, para que não faltasse aos outros, devia ter o cuidado de recomendar a quem de direito que não fossem precisamente es militares que o vão assambarcando e negociando com ele.

Lastimo, portanto, que não esteja presente o Sr. Ministro do Interior para S. Ex.a ouvir da minha boca as considerações que acabo de fazer, e já sei — e V. Ex.* o disse—que ainda se não encontra na outra Câmara. Por esta razão peço a V. Ex.a para lhe transmitir o que acabo de dizer, protestando contra o que se está passando e ainda contra outros casos

de que tenho conhecimento mas de que não dssejo fazer-me eco.

O Sr. Presidente::—Farei presentes ao Sr. Ministro do Interior as considerações que V. Ex.a acaba de fazer.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — Sr. Presidente: parece que nada de anormal se passa no país, e que estamos na mais serena paz e que tudo corre lindamente, porquB nem os Srs. Ministros se dignam comparecer na Câmara no primeiro dia de sessão depois de férias para dar explicações, de casos que, em contrário das suas suposições, eu tenho de considerar extremamente graves.

Assim, Sr. Presidente, parece-me que no século passado houve um Ministro das Finanças chamado Álvaro de Castro que contratou em Londres uns créditos de uns milhões de libras destinados ao saneamento das finanças públicas; e, apesar de haver um Parlamento constituído por duas Câmaras, unia dessas Câmaras, que é o Senado, não teve ainda conhecimento dêsso acontecimento, que me parece que deve ter importância para a vida pública.. A rnirn, pelo menos, não consta que pelas actas do Senado haja algumas indicações de que o Sr. Presidente do Ministério Álvaro de Castro em tempo1 algum tivesse dado explicações desse acontecimento.

O Sr. Herculano Galhardo: — Devo por

dever ie lealdade dizer a Y. Ex.a que o Sr. Presidente do Ministério veio aqui no último dia de sessão para fazer essa comunicação, informando-me de que^o não poderia fazer em virtude de a sessão estar prorrogada para a discussão da lei do inquilinato.

O Orador: — Agradeço as explicações de V. Ex.a, que vêm mais uma mostrar aquelas boas intenções que animam S. Ex.a o Sr. Presidente do Ministério, mas isso não invalida as considerações que eu vinha fazendo dizendo que S. Ex.a e o Senado não tiveram conhecimento dessa» negociações e precisam de tê-lo.