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Diário daí Sessões do Senado

entendo que ele não dignifica uma democracia.

.Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Oriol Pena: — Sr. Presidente : ó delicioso para mim o aspecto da CÊmara: eu sozinho deste lado e a Câmara toda daquele lado, unida, compacta. Da reduzidíssima hoste monárquica, já tam minguada, impede a doença o Sr. D. Tomás de Yilhena de vir aqui; impede, forçada ausência por deveres inadiáveis, o nosso presado colega Sr. Querubim Guimarães de poder &qui estar hoje; o Sr. Sequeira também não pode vir.

Fiquei na triste situação de ter de defender sozinho a honra do grupo, para o que me faltam todos os predicados, mas procurarei fazê-lo sem receio e sem vaidade — nec temere nec timide — com a certeza antecipada de não conseguir qualquer vantagem para os interesses dos proprietários, de que nos julgamos representantes.

Eevista-se a Câmara da necessária paciência pí.ra me ouvir durante alguns minutos.

Peço a V. Ex.a, Sr. Eibeiro de Melo, que demore uns instantes a sua saída. V. Ex.% por quem de há muito tenho uma extrema simpatia, acabou de me dar o único momento verdadeiramente e com-pletainente agradável que tenho tido durante a demorada e enfadonha discussão deste diploma malévolo, intitulado força-damente «lei cto inquilinato».

Consolou-me deveras a elevação, a coragem e a dignidade com c u e daquele lado da Câmara manifestou uma opinião, que poda ser excessiva no actual momento, mas é fundamentalmente honrada e justa, na tese que versou.

Tenao muito prazer em lho dizer taic perto da sua pessoa, tam perto do sea coração, cara a cara.

Já íiniia daquele lado da Câmara recebido arnz: outra impressão agradável, nias tam completam ente agradável como aquela que o Sr. Ribeiro de Melo me proporcionou.

O Sr. Ribeiro de Melo:—Agradeço muito a V.Ex.a essas suas palavras, e pode ser que V. Ex.a ainda reconheça que é do ladc da República que está sempre a razão.

O Orador:—A boa doutrina .é só poder a salvação do país estar nas doutrinas deste lado da Câmara.

Sr. Presidente: feita esta divagação e este desabafo que me consolou, na certeza antecipada de que todo o meu esforço resultará inút l, saúdo o sindicato que elaborou esta proposta com as palavras dos gladiadores antigos, dispostos a morrer : Ave, imperator, morituri to salutant. Ao sindicato imperial que dispõe dos votos do Senado eu envio as minhas saudações, como faziam os gladiadores da. antiga Roma, mas lem",bro-lhe que Nero, que incendiou Roma, como este projecto queima definitivamente a propriedade, e ouviu do centro do circo tantas vezes as saudações dos que iam morrer, acabou bem miseravelmente.

E bom não esquecer os ensinamentos que nos vêm da história, porque às vezes as grandes ilusões de poderio e de popularidade acabam em vasa-barris l

Sr. Presidente: feitas assim as minha s saudações, continuarei na minha posição, chamando a atenção do Senado para as iniqúidades que no projecto se contêm.

Sem querer afastar-me do assunto do artigo 3.° o da doutrina a que este se refere, entendo, como o Sr. Ribeiro de Melo. ser mínima a quantidade de dinheiro oferecida quer no projecto, quer na emenda apresentada, e constitui apenas misérrima compensação.

Os possuidores da propriedade há catorze longos anos que vêm recebendo menos, menos, sempre menos, dada a desvalorização da moeda que se acentua dia a dia. hora a hora.

Ainda ontem tive de fazer uma transacção 3 verifiquei valer a libra no mercado 144$, o que representa trinta e duas vezes o seu valor antigo, oiro nessa época. Isto é, -a libra esterlina em cheque sobre Londres; é mester não fazermos confusão» A libra é uma cousa, ouro é outra.