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Diário das Sessões do Senado

Lamento bastante que tendo eu pedido a palavra para quando estivesse presente o Sr. Ministro do Interior ou algum dos representantes do Governo, há aproximadamente uma hora, e achando-se na Sala dos Passos Perdidos quatro Srs. Ministros, não esteja agora aqui nenhum.

Sr. Presidente: eu também vi nos jornais o relato dum caso passado na cidade de Silves, e a ser assim, conforme vi, não pode deixar de merecer a repulsa de todos os homens de bem, de todos os bons republicanos.

. Não é procedendo-se desta maneira contra o elemento operário, que tem sido um dos maiores esteios da República, que amanhã ele pode ir em sua defesa.

No dia 22 deste mês, quando os operários de Silves , esperavam os seus filhos na estação do Caminho de ferro, visto que eles os tinham mandado para várias terras do Algarve durante o movimento grevista, que se sustentou muito tempo, esses operários, juntamente com essas crianças, foram recebidos a tiro por uma força da Guarda .Republicana, comandada por um tenente.

Eu protesto contra esse acto, e não me alargo mais em considerações porque desejo fazê-las ó em presença do Sr. Ministro do Interior.

Peço a V. Ex.a, Sr. Presidente, que convide o Sr. Ministro do Interior a comparecer na próxima sessão, «antes da ordem do dia».

O Sr. Presidente: — Comunicarei ao Sr. Ministro do Interior as suas considerações.

O Sr. Joaquim Crisóstomo: — Sr. Presidente : também me proponho falar do caso a que se referiram os ilustres Senadores Srs. Costa Júnior e Procópio de Freitas.

Ontem e hoje tenho recebido vários telegramas de pessoas que não conheço, mas que apelam para a minha lealdade, para a minha função parlamentar, a fim de chamar ou protestar energicamente junto do Governo contra as barbaridades, atrocidades e horrores praticados pela Guarda Republicana na cidade de Silves, há dois dias.

A Câmara conhece este facto, por isso dispenso-me de fazer o relato dos acontecimentos, mas o que é certo ó que ficaram feridos numerosos cidadãos indefesos,, mulheres e até crianças, e um deles morto.

Sr. Presidente: é necessário que isto. não fique só em palavras, (apoiados) que não nos limitemos a um protesto platónico, sem resultados práticos e eficazes, porque acontecimentos desta natureza não riscam sobre uma corporação, riscam sobre a República.

A República não pode ser responsável por funcionários que usam e abusam das suas funções; ela lem como dever imperioso, de apurar quem são os delinquentes e castigá-los severamente, pois a República sai prestigiada, se os guardas que procederam de tal forma forem castigados com as penas da lei.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — A próxima sessão é na sexta-feira, à hora regimental. Está encerrada a sessão. Eram 18 horas e õO minutos. .