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Secção de 18 de Julho de 1924

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O Sr. Procópiq de Freitas: — ;Não apoiado! Não apoiado!

O Orador: — Eu estou habituado a ler os discursos proferidos pelo Sr. Procópio de Freitas de propaganda do Partido Republicano Eedical e conheço, portanto, a valentia e denodada coragem com que tem ultimamente atacado os Governos da República.

Reparei que S. Ex.a tivesse sido tam atencioso para com o Sr. Rodrigues Gaspar, pois, falando na sua generalidade de representante do Partido Republicano Radical, deve saber exprimir a atitude de oposição que esse baluarte da República tomou para com o actual Governo.

Mas o leader do Partido Republicano Nacionalista que nem se deu ao trabalho de trazer a esta Câmara a moção de desconfiança apresentada pelo seu correligionário da Câmara dos Deputados, Sr. Cunha Leal, nem aquela outra moção apresentada pelo meu valioso correligionário, Sr. Vitorino Guimarães, que promoveu e obteve a queda do Sr. Álvaro de Castro, o leader do Partido Republicano Nacionalista, repito, que é tido como um gentlemam, como uma pessoa de bem viver, que gosta de estar bem com Deus e com o Diabo, a querer fazer de oposicionista, vai vivendo sempre daquele ambiente, daquela atmosfera governamental, que coloca o seu Pariido num estado de dependência e de servilismo que mal se compadece com a situação que disfruta entre os velhos republicauos.

Quiseram, ao que consta, os leaders ser correctos, atenciosos e delicados, mas eu devo dizer que a correcção e a delicadeza não são apanágio de S. Ex.as, porque eu também as cultivo, simplesmente no que me excedo é na coragem para dizer o que sinto e penso sem receios de espécie alguma, ou de qualquer ordem.

Como Senador independente, falou, também, o general Sr. Roberto Baptista, que contra a expectativa de todos e com uma grande admiração minha, em vez de nos apresentar os seus múltiplos conhecimentos militares, espraiou-se e largamente sobre os complicados problemas económicos e financeiros. Foi, assim, uma verdadeira revelação.

Está encontrada a pedra filosofal. Está resolvida a situação. Pode o actual Mi-

nistro das Finanças abandonar o Poder que o Sr. Rodrigues Gaspar já tem ali à mão o futuro substituto do Sr. Daniel Rodrigues.

Parabéns, portanto, ao grupo dos independentes, porque tem no seu seio um homem com'grandes conhecimentos económicos e financeiros, cousa difícil de se encontrar na actual conjuntura política. Até agora, de nenhum dos lados da Câmara foi apresentada qualquer moção de confiança ou de descondança ao Governo.

Na Câmara dos Deputados, porém, algumas' moções foram apresentadas, e aquela que mais boliu com o espírito político, foi preci%amente a que foi mandada para a Mesa pelo leader do Partido Republicano Nacionalista, Sr. Cunha Leal.

Nesta Câmara não houve coragem da parte da maioria de apresentar uma moção de confiança ao seu correligionário, Sr. Rodrigues Gaspar. Faltou a coragem igualmente ao outro lado da Câmara de apresentar uma moção de desconfiança.

Mas deste lado há quem tenha essa coragem. E, faço-o, porque assim o entende como indefectível republicano e como intérprete da grande maioria dos filiados no Partido Republicano Português. Sou eu.

A primeira parte da minha moção é mutatis mutandis a moção apresentada pelo Sr. Vitorino Guimarães na Câmara dos Deputados ao Governo do Sr. Álvaro de Castro; a outra parte é a que interpreta a moção das Juntas de Freguesia, votada por unanimidade em fim de Janeiro último.

Vou, portanto, ler a minha moção, para depois fazer sobre ela as considerações que se me oferecerem:

«A Câmara do Senado da República, reconhecendo que o Governo não satisfaz às legítimas aspirações do País e, nem ao menos, corresponde às indicações da forte opinião republicana, passa à ordem do dia».

Diga V. Ex.a que eu sou muito mais republicano; sou daqueles que estão mais na esquerda.