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Sesêão de 18 de Julho de 1924

Sr. Presidente: não quero demorar mais as minhas considerações.

Vou, terminar dizendo que estou cou-vencido de que ôste Governo não é capaz de fazer o que a Nação exige, visto que não tem homogeneidade, não tem programa, nem o apoio necessário para dar satisfação a essa corrente das esquerdas, mas das verdadeiras esquerdas, não das esquerdas pintadas.

Nestas condições, o Governo não pode, de maneira nenhuma, merecer a minha confiança, nem ò meu apoio.

O Sr. Dias de Andrade: — Sr. Presidente : em nome da minoria católica apresento os meus cumprimentos de saudação ao novo Governo e, em especial, ao Sr. Presidente do Ministério, Sr. Rodrigues Gaspar, a cuja inteligência e carácter eu presto a homenagem da minha maior consideração.

S. Ex.a ó um homem de bem, um parlamentar distinto, tendo já evidenciado o seu valor na pasta das Colónias.

Sr.. Presidente: duas palavras apenas, porque de palavras está o país farto; o que o país quere são resoluções, realizações.

O Sr. Ribeiro de Melo: — E água benta.

O Orador: — Nos actos para que "é prescrita pelo ritual.

A minoria católica não apoia o Governo incondicionalmente, mas também não lhe íará uma oposição sistemática.

A minoria católica aguarda os actos do Governo e por eles pautará a sua linha de conduta.

É assim que dentro do seu programa pensa servir melhor os interesses do país.

É já moda, e eu já hoje o ouvi dizer aqui a alguns meus colegas, que a hora é das esquerdas.

- S. Ex.a, o Sr. Presidente do Ministério, num discurso proferido na outra Câmara, também repetiu a frase, mas interrogado sobre o significado que ligava a essa frase, S. Ex.a acrescentou — e das direitas—. Assim é que está certo.

Perante a situação grave que atravessa o nosso país, a hora não é de esquerdas nem de direitas, a hora é de todos, das competências e dos homens honestos, por

que sem estes nunca poderá ser resolvido qualquer desses problemas graves.

l Quere o Governo tentar resolver esses problemas ? Governe com o país e para o país.

Para esta obra de construção nacional, pela ordem, pela disciplina e pelo respeito de todas as liberdades legítimas, pode S. Ex.a contar com a nossa colaboração mais sincera e mais leal.

O Sr. Tomás de Vilhena: — Começo por apresentar os meus cumprimentos ao Governo, salientando o Sr. Rodrigues Gaspar.

Tenho na maior conta a sua honorabilidade e as suas qualidades de inteligência.

É um trabalhador e estou convencido que é um patriota sincero com desejos de acertar, por isso eu lamento muito de o ver nesta hora ali sentado.

Faço também os meus cumprimentos ao Sr. Catanho de Meneses, a quem dedico muita consideração,'pela sua alta capacidade jurídica e qualidades de parlamentar.

Dirijo igualmente os meus comprimentos ao Sr. Ministro da Guerra, um dos militares que Mousinho tinha na mais alta conta; o Sr. Ministro da Marinha que há pouco num seu livro fez afirmações que demonstra ser um pensador e não olhando a preocupações de ordem política; o Sr. Ministro dos Estrangeiros, um cavalheiro muito amável; o Sr.'Ministro da Instrução cuja alta cultura tenho em muito apreço, e os demais a quem presto iguais considerações.

Depois destes cumprimentos, eu direi que li com toda a atenção o programa, e deixem-me dizer que julguei estar lendo o programa de uma companhia de ópera de verão, porque era o repertório todo de uma época normal sem uma peça nova, e assim de um Governo, que eu com mais de querenta anos de vida pública, nunca vi cousa mais desastrada.

Ora, quando o actual Ministério aqui vem dizer que seguirá o caminho do seu antecessor, eu ponho as mãos na cabeça e fico aterrorizado.

Estou convencido que a herança do Governo transacto é uma herança cheia de espinhos.

Vamos ao Ministério do Interior: