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Diário das Sessões do Senado

viam ir buscar aqueles homens que já tivessem uma larga experiência da governação pública, aqueles que já se tivessem defrontado com os problemas correntes. Mas, além disso, quanto a mim, falta ao Ministério aquela base política que lie era indispensável; julgo mais que lhe falta uma base constitucional.

Seguiu o Sr. Presidente do Ministério um critério errado, porque, segundo as declarações que fez, S. J£x.a organizou.o seu Ministério para continuar a obra do Ministério anterior. E, se eu não estou em erro, se dessa descarga de moções com que na Câmara dos Deputados foi fuzilado o Ministério Álvaro de Castro não resultou uma censura à obra total por ele realizada, resultou, pelo menos, o repúdio do Parlamento pelo que .ele tinha produzido em matéria financeira. E nestes casos, o Sr. Rodrigues Graspar, organizando uni Ministério para continuar a obra do Governo anterior, organizou um Ministério sobre uma base inconstitucional.

E organizou-o como? Organizou-o por subscrição entre um estilhaço do Partido Republicano Português, no Grupo Acção Republicana e no grupo dos independentes.

jE diz S. Ex.a que o Governo se apoia sobre o bloco que era constituído por este grupo!

^Mas existe esse bloco?

;Eu tenho idea de que esse bloco existiu em Dezembro do ano passado quando o Partido'Republicano Português decidiu mais uma vez sacrificar-se pelo seu Pais e expulsar das cadeiras do poder uni Ministério que não era do seu Partido e que tinha tido a audácia de governar durante 28 dias l

Esse bloco ainda sustentou, durante algum tempo, o Governo do Sr. Álvaro de Castro, emquanto foi necessário conciliar a dissidência que esse estadista tinha levado a efeito.

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Creio que S. Ex.a está convencido disso, mas os factos a breve trecho se encarregarão de lhe provar a inconsistência do terreno em que se apoia, tanto mais que eu s aponho que já se constituiu um outro bloco, o qual não lhe é nada favorável.

É um bloco constituído por um outro estilhaço do Partido Republicano Português e parece que dirigido por amigos do Sr. José Domingues dos Santos, pela Acção Republicana e pelos inevitáveis independentes.

Diz-se que esse bloco, que é um bloco vermelho, retintamente vermelho, tem liberdade de vistas e ambições.

Esse bloco pretenderia, Sr. Presidente, fazer as eleições, que certamente perderia, ain'da- faço justiça ao bom senso do País.

O Sr. Ribeiro de Melo (em aparte): — Isso sucedeu ao gabinete do Sr. Barros Queiroz. ..

O Orador: — Com o seu- programa, o bloco queria apresentar-se perante o País. Mas eu creio que não lhe seria fácil, nem ao seu Governo, ganhar o favor do País. Se ganhasse, porém, a única pessoa que eu teria a lamentar seria o Sr. José Do-iningues dos Santos,, porque tendo constituído a sua maioria, ao cabo de três meses teria provocado a dissidência do Sr. Álvaro de Castro N-j- L, ficando novamente S. Ex.a em minoria.

Não se resolveria pois ainda o problema que é essencial ao nosso País, que é o problema político.

Esse problema não pode resolver-se emquanto um dos partidos do regime tiver a pretensão de ser o único a governar.

. Emquanto esse Partido não pode governar por si só, exige que por dever patriótico outros partidos o apoiem.

E se por acaso ao cabo de alguns dias consegue outro partido chegar ao Poder, promove-se uma revolução para o de lá tirar.

Assirn, nenhum dos nossos principais problemas terá resolução, capaz, nenhum, porque tanto o nosso problema económico e financeiro como o nosso problema colonial requerem a atenção de todos os portugueses, e é impossível obtê-la num regime que é mais ou menos uma tirania disfarçada.

Pausa.

Não vou examinar a declaração ministerial, porque não se vê nela que discutir.