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Sessão de 18 de Julho de 1924

Aqui o que se tem feito é isto.

A questão financeira não tem sido tratada de conjunto, tem-se feito aos bocados e na maior parte das vezes com uma grande insciência.

As despesas crescem, os impostos sobem constantemente, mas, apesar de subirem, esses impostos nunca são capazes de cobrir essas despesas, dando em resultado ficar tudo pior do que estava, indo fazer depois a investida contra os juros do empréstimo externo e por fim o bolir com a prata, amanhã será com os outros; é tal qual o pobre Ferraz, cuja história já aqui frisei por ocasião de se tratar do& empréstimo.

Sob o ponto de vista económico, o Governo transacto nada fez, e o que é facto é que todos os anos, de 1913 para cá, os géneros de primeira necessidade aumentaram de maneira assustadora, não houve providências que valessem, o pão cada vez pior, emfim, uma carestia de meter medo:

Por consequência, esse Ministério que tanto disse que ia tentar debelar esse mal, nada fez; vamos a ver o que faz agora o novo Ministério; não conheço o programa de S. Ex.a, mas quem vem sentar-se num lugar desta gravidade, é por que tem elementos para poder resolver a principal questão; que é a questão económica do país, e para mim a mais difícil de resolver.

De V. Ex.a, conjuntamente com o Sr. Ministro da Agricultura, que. ainda não vi, é que depende a questão que hoje mais assusta a vida portuguesa.

Sr. Presidente: o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros ainda vem colher nessa herança um facto gravíssimo: é a questão do nosso embaixador em Londres, questão que não posso deixar passar sem alguns considerandos, e algumas considerações se devem fazer porque este facto representa um destes actos que não abonam a moralidade do regime.

Sr. Presidente: não venho aqui discutir nem quero saber se o Sr. Norton de Matos pediu, ou lhe foi oferecida a Embaixada de Londres; o que quero sabor é o seguinte: o Sr. Norton de Matos estava comissário régio em Angola; a sua acção administrativa deu lugar às mais vivas e mais generalizadas .críticas.

S. Ex.a, que eu vi na outra Câmara, não se defendeu, a meu ver, com aquele

brilho que era de esperar das suas qualidades de parlamentar e de homem de Estado.

Mas emfim, parece que com o apoio do Governo resolveu continuar nessa situação de Alto Comissário.

A alturas tantas, porém, vemo-lo empoleirado na Embaixada de Londres.

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Era indispensável ali?

Não podia abandonar esse cargo.

Não tenho elementos para poder afirmar factos concretos da sua administração ; o pouco que sei vi-o na imprensa e ouvi-o na Câmara.

Depois das acusações feitas ali, o Sr. Norton de Matos continuou, parece-me, a ter o apoio do Governo de então.

Tinha, portanto, de ir para Angola.

,; Como é que o Sr. Norton de Matos vai para Londres?

Se o Sr. Norton de Matos não podia estar em Angola, muito menos podia estar em Inglaterra.

Se ele não fez aquela administração que os seus satélites dizem que foi boa, mas antes fez aquela obra que estamos a ver condenada em toda a parte, o Sr. Norton de Matos tinha de requerer um inquérito aos seus actos, e então em face desse inquérito devia resultar ou o prémio ou o castigo.

Mas o que não se pode admitir é que em face de uma questão tam escura se translade, o Sr. Norton de Matos de Angola para Inglaterra.

Mas há mais.

Não sei como é que ele pode lá, estar, e como ó que o Sr..Presidente do Ministério o pode deixar estar, e isto porque o Sr. Norton de Matos deve saber que não inspira a mínima confiança ao Sr. Presidente do Ministério.

' Não sei como é que o Sr. Kodrigues Gaspar pode manter no mais alto posto da diplomacia portuguesa um homem que não lhe inspira a menor confiança como diplomata, e digo isto, porque eu ouvi S. Ex.a dizer na outra Câmara que não lhe reconhecia as menores qualidades como diplomata.