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Sessão de 22 de Julho de 1924

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Este Ministério não ataco eu por ter sido recrutado nas fileiras da incompetência ou ainda porque não tenha sido feliz a sua organização desde que se conseguiu e obteve a cooperação de pessoas tam dignas e merecedoras de que delas tenhamos a esperar o respeito às leis, obediência aos princípios republicanos e amor ao trabalho.

Não. Indigno seria de mim e da confiança dos meus concidadãos, se porventura fizesse, como Senador, oposição ao Sr. Rodrigues Gaspar pela acertada escolha que fez dos seus colaboradores.

Os meus protestos caem sobre a pessoa do Sr. Presidente do Ministério única e tam somente, pois não deveria ter aceitado uma tarefa para a qual lhe faltam muitas das qualidades que os seus amigos partidários inventaram ao descobrir os pró homens dos partidos políticos que hão-de governar esta infeliz Pátria.

Quero manifestar ao Sr. Rodrigues Gas-par o meu protesto pela, forma como pro-cedeuj Aquando Deputado, para com o Governo Álvaro de Castro, especialmente no caso Norton de Matos.

Hei-de manifestar o meu indelével desagrado pela maneira como se pretendeu solucionar a crise política em que nos debatemos, sempre na esperança de resolvê-la a contento da nação, mas que afinal serve para satisfazer vaidades balofas e falsas competências políticas que neste regime de talento e vde méritos se arvoraram sem pedir licença em estadistas de alto coturno e de inconfundível inteligência.

Parece impossível, mas ó verdade, o nosso estoque de Ministros é tam grande, está tam misturado que ó difícil aproveitar uma meia dúzia capaz de corresponder à alta dignidade do cargo.

Tem o Sr. Ministro do Trabalho de resolver os já célebres Bairros Sociais; terá de atender aos hospitais e. misericórdias do país, uma grande obra a fazer e como o julgo capaz para isso e muito mais presto-lhe a minha homenagem e faço votos para que S. Ex.a desempenhe o seu lugar com aquela coragem que lhe é peculiar.

Sr. Presidente: os meus cumprimentos não diminuem o ataque que eu fiz ao Sr. Rodrigues Gaspar. O ataque que eu pretendi fosse violento ficará de pó; a mi-

nha moção de desconfiança ao Governo interpreta sem mistificação o sentir da opinião republicana.

Ao apresentar esta moção de desconfiança que se deverá interpretar como simplesmente dirigida ao Sr. Rodrigues Gaspar, tive em vista defender a República dos ataques dos seus incorrigíveis inimigos que ousam decretar a falência dos republicanos por se haver entregado a um antigo monárquico o lugar de primeiro Ministro.

Sr. Presidente: o Sr. Rodrigues Gaspar pode fazer o que quiser; é livre, mas a confiança de todo o Partido Republicano Português não a tem, nem igualmente dos republicanos indefectíveis, sempre dispostos à generosidade e ao esquecimento.

Se consultar a opinião republicana há--de ver que se preteria continuar a respeitá-lo e a considerar S. Ex.a como ex--Ministro das Colónias, como membro do directório já que a nossa tolerância o havia deixado eleger e indicar para tam importantes funções partidárias, mas nunca como Presidente do Ministério.

O Sr. Rodrigues Gaspar não pode continuar a fazer a obra política, económica e financeira do Sr. Álvaro de Costro, não pode satisfazer a opinião pública.

O Sr. Rodrigues Gasp'ar, ao que dizem, fez um pacto com o grupo da Acção Republicana a fim de manter as autoridades administrativas que foram nomeadas pelo Sr. Sá Cardoso, à maioria das quais é contrário o Partido Republicano Português.

Poderá dizer-nos o Sr. Rodrigues Gaspar que ainda não estava determinado se S. Ex,a podia ou não continuar no Governo, e por isso não substituíra ainda essas autoridades. Esta atitude há-de dar-lhe amar-. gos de boca por se tratar de um assunto que interessa aos galopins eleitorais e que por via de regra influi na vida dos partidos, mas da qual eu me desinteresso absolutamente por não desejar colocar nenhum amigo nos lagares de governador civil. Somente me não desinteresso e não me dispensarei de fazer a mais severa oposição, quando essas autoridades não forem de molde a satisfazer a opinião republicana que delas espera a guarda fiel das instituições.

Tenho dito.