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Diário âas Sessões ao Senado

S. Ex.a, referindo-se ao meu relatório, que não elaborei para ser sujeito à apreciação do Senado, mas sim à da Câmara dos Deputados, S. Ex.a pôs as cousas de tal maneira que poderia ficar-se com a impressão de que eu era responsável pela organização que S. Ex.a crítica.

Como S. Ex.a sabe e toda a Câmara, há leis de contabilidade que hoje regulam a discussão dos orçamentos, de maneira que o exame das Câmaras é tam restrito que nem sequer podemos fazer emendas, suprimir nem modificar; temos só o direito de ver se as verbas inscritas estão de acordo com os diplomas legais que as autorizaram.

Fui um pouco mais longe, dando largas ao meu. entusiasmo, ao meu espírito um pouco fogoso para sobre esse assunto bordar considerações que S. Ex.s logo enjeitou; e, nessa crítica S. Ex.a começou por dizer que em muitos pontos o meu parecer tinha aspectos simpáticos e representava uma boa orientação., outros que não merecem esse tratamento favorável da parte de S. Ex.a Conheço o princípio: Portugal é essencialmente-agrícola.

Bem. Mas o que devemos procurar nessas qualidades é o abastecimento próprio do País.

Falou S. Ex.a em Inglaterra e outros países estrangeiros limitando-se na enumeração dos factos a dizer que a Inglaterra procura bastar-se a si própria com os proventos da terra desenvolvendo a sua indústria de maneira a contrabalançar a sua balança económica. Assim teve de ser porque a Inglaterra não era essencialmente agrícola; pelos abundantes jazigos de carvão que possui, pela quantidade de ferro que pode adquirir nos seus vastos domínios, por ser detentora duma grande marinha mercante, ela procurou não o fomento agrícola ou agrário, mas procurou na sua balança industria!: o que era necessário para suprir as deficiências de carácter agrícola.

Como quer e S. Ex.a que Portugal faça o mesmo, que consiga ir à indústria buscar uma cota importante para satisfação dás suas necessidades senão tiver no campo agrícola, ou agrário tudo o que é necessário para alimentar uma indústria, e tudo o que é indispensável para evitar as greves, conflitos sócias provocados pela falta de pão?

Isto não ó meu; isto ó dos Srs. Anselmo de Andrade e Basílio Teles. Este último afirma que para que a situação ecnómica de Portugal se equilibre é necessário que Portugal transforme os seus processos culturais, podendo assim também sofrer as fugas das populações rurais para os centros manufactores, fugas, que como S. Ex.a sabe se têm dado em quási todos os países.

E S. Ex.a não admite, ou pelo menos não quere, nem deseja essa transformação de mótodos culturais, porque é anti-económico. Suponho que é ver um pouco unilateralmente o problema.

E depois que S. Ex.a afirma a existência do Ministério da Agricultura, chamado a realizar essa fuução, como S. Ex.a deve compreender, e compreende melhor do que eu, o problema agrário pela complexidade dos seus aspectos, que cons-titaem por assim dizer novos problemas, necessita dum organismo autónomo, e para resolver esse problema agrário em que nada temos feito, nós temos de manter e fazer produzir a acção do Ministério da Agricultura.

^Pois não é sabido de todos que temos de resolver o problema de hidráulica agrícola?

Não sou também eu só que o digo, são os maiores professores da especialidade que o dizem.

,; Não temos porventura nós um problema silvícola a resolver? '

Não temos também a resolver o problema dos terrenos, uns por serem alagados, outros por serem salgados e outros por ssrem geologicamente incapazes de produzir, como ó por exemplo aquela região de calcáreos situada na parte central do país, terrenos que são absolutamente impróprios para a cultura e que necessitam portanto de ser corrigidos.

A Alemanha, sabe-o S. Ex.a perfeitamente, quando . teve de resolver o seu problema interno abalançou-se a essa obra formidável, obra de correcção das qualidades intrínsecas do seu solo. E conseguiu gastou muito dinheiro e fez orientar nesse sentido os mais belos talentos das suas últimas gerações, e conseguiu um dos triunfos mais belos da sciência agronómica.