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Sessão de 8 de Agosto de 1924

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pretensão de dar novidades a ninguém; entendo porém que tantos pontos de contacto há entre as condições climatéricas com tantos tratos de terreno que foram aproveitados na Alemanha, que encontraria "aí argumentos de sobra para dizer a S. Ex.a que o Ministério da Agricultura tem de manter-se, e se a princípio foi mal orientado, isso não é motivo que possa servir de base para qualquer crítica. "

Para debelar essa situação impõe-se apenas uma cousa: estabelecermos um plano de concordância de acção de todos os portugueses nesse sentido, porque a terra, sendo de todos, a sua produção interessando a toda a gente, também devem cooperar no problema agrário todos os portugueses. E uma obra comum, ó uma obra nacional, não podemos andar divididos, nem por preceitos de escolas, nem de classes, e nunca por políticas ou de facção.

Sem embargo S. Ex.a nas suas palavras deixou prever que no Ministério da Agricultura havia conflitos de pessoas e 'de classes, entre a agronomia e a veterinária, e havia conflitos entre as classes estranhas ao Ministério, mas que intervinham neste- sentido.

Sr. Presidente: há um aspecto gravíssimo em toda esta questão do problema agrário para o povo português; em 1920, em um estudo feito pelo Sr. Bento Carqueja, via-se que em Portugal havia um maior número de indivíduos que ião para os serviços agrários, a percentagem era muito maior do que aqueles que iam para as indústrias; hoje dá-se exactamente o contrário.

Quando foi posta em realização esta organização, vi que S. Ex.a ficou entusiasmado com ela, e nem podia deixar de ser, como bom cultor das sciências agronómicas que é.

Realmente nesse estabelecimento podem ser estudados convenientemente os problemas fundamentais da agricultura, como por exemplo uma selecção apropriada de sementes para melhorar os produtos, podendo-se assim, como digo nesse relatório, orientar melhor a produção.

S. Ex.a pôs estas duas questões: intensificação absoluta da produção das terras sujeitas à cultura, e preparação de novos tratos para entrarem em cultura.

E como digo no meu relatório, acho mais fácil a intensificação, isto é, levar um terreno já limpo, que produzia 10, a produzir 15 sementes, do que fazer o mesmo numa 'terra coberta de matagais, de arvoredo, exigindo uma arroteia dispendiosa, e um maior número de pessoal, para se chegar ao mesmo resultado.

E, como S. Ex.a sabe, essa selecção de sementes na Estação Central de Lisboa tem sido importante; na selecção da 'semente de trigo já se tem chegado a aumentar a produção a 150 sementes.

Evidentemente que depois é preciso propagandear e demonstrar a eficácia desses resultados, mas lá estão os postos agrários para o fazer.

É um capítulo em que estamos absolutamente de acordo, este da intensificação, sem contudo deixar de olhar para a extensificação.

O ano passado obteve-se um aumento grande de produção cerealífera por serem adaptados à produção largos tratos de terrenos do Vale do Sado, i [ margem esquerda do Tejo, nos barros de Beja, nas serras de Serpa e de Mértbla e na região de Moura, e que sendo como são altamente produtivos, no primeiro ano vieram de facto intervir intensivamente na produção de trigo.

Este ano a maior parcela dos terrenos do Vale do Sado não deu nada por causa das inundações que destruíram as sementeiras.

Mas a extensificação não se aproveita, pelo menos em geral não tem sido feita no sentido exclusivo da produção do trigo; têm-se utilizado e, quanto a mim, muito bem, esses terrenos para produzirem trigo no 1.° 2.° e 3.° ano e depois são lançadas sementeiras de penisco, e de outras espécies silvícolas para os dedicar à floresta, que ó quanto a mim um elemento de correcção, de riqueza que se torna indispensável proteger e desenvolver.

Mas a extensificação tem-se dirigido essencialmente à adaptação de terrenos a pastagens, porque depois de produzirem trigo são abandonados ao regime do pousio e durante anos alimentam boas manadas, o que concorre para aumentar a riqueza ^económica nacional.

Diz S. Ex.a que os adubos vão contribuir talvez para uma maior produção.