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Diário das Settôe* do Senado

nal tinha produzido bastante, e dividisse os lucros provenientes desse trabalho por todo o pessoal que tinha concorrido para ele, tinha S. Êx.a a minha aprovação, porque esse procedimento está absolutamente no meu modo de ver, e no modo de ver daqueles que acompanham a marcha da humanidade. Assim como S. Ex.a procedeu não concordo.

S. Ex.a poder-me há dizer que na indústria particular ganham mais.

Mas isso não é razão, porque na indústria particular não têm as garantias que têm os funcionários do Estado, e além disso, se vamos a estabelecer termos de comparação com outro pessoal, não são só esses oficiais da Direcção das Construções Navais que estão mal pagos, mas duma maneira geral todos os funcionários do Estado.

Ou se paga a todos como deve ser ou então o sacrifício deve' ser dividido por todos, porque assim é a maneira de haver ordem e força moral de quem manda.

As desigualdades de tratamento é que produzem o estado de irritação em que se enconíra uma grande parte da sociedade.

' Creio que o motivo alegado para se querer justificar a gratificação concedida a certos oficiais da Direcção das Construções Navais é o facto de esses oficiais acompanharem o horário fabril. Isto a meu ver não é razão suficiente, porque, se de facto esses oficiais vão mais cedo para o serviço do que os que estão noutras repartições, a verdade é que vão almoçar das 12 às 14 horas, e portanto o número de horas .de serviço é quási p mesmo.

Noutros tempos, os oficiais em serviço no Arsenal que acompanhavam o horário dos operários creio que tinham uma pequena gratificação que acabou quando foram criadas as gratificações de comissão em ten^ mas, mesmo que quisessem fazer reviver essa gratificação e actualizá-la em harmonia com os outros vencimentos dos oficiais, não daria uma quantia tam elevada como a que agora foi concedida.

Desejava também fazer algumas considerações ...

O Sr. Presidente (interrompendo]: — Deu a hora.

Vozes: — Fale. Fale.

O Sr- Presidente: tinuar.

Pode V. Ex.a con-

0 Orador : — Agradeço à Câmara o ter--me consentido que continuasse no uso da palavra.

As considerações que desejo fazer são relativamente ao decreto que o Sr. Ministro da Marinha publicou e que trata da reorganização do Ministério da Marinha.

Em minha opinião este decreto também não foi publicado em harmonia com a lei n.° 1:344, visto que esta lei apenas permitia redução de quadros e não remodelação de serviços. Depois deste decreto apareceu um.outro regulamentando esta reorganização, e é. propriamente a esse decreto que me desejo reforir.

Por essa regulamentação vê-se que S. Ex.a vem afinal de contas tornar a en-t grenagem burocrática mais complicada, porque criou inúmeras direcções gprais, cada uma delas com duas repartições e cada repartição com muitas secções, de modo que o resultado disto tudo é complicar ainda mais a engrenagem burocrática e aumentar as despesas.

S. Ex.a criou novamente o curso naval de ^guerra.

É um curso de sua predilecção. Na verdade S. Ex.a tem produzido algumas obras que demandam muito estudo, mas, praticamente, poucos resultados ou aenhuns nos têm dado. O seu último trabalho, com parte do qual eu concordo, é que tem na verdade uni aspecto mais prático e contém ideas que são exequíveis. O curso naval de guerra é dirigido por oficiais, a quem nós oficiais da Armada jocosamente chamamos lentes de geração espontânea.

Aos oficiais com este curso chamamos também jocosamente palmípedes.

O Sr. Ministro da Marinha organizou novamente o Estado Maior Naval com várias secções, tendo a seu cargo estudos muito interessantes mas de nenhuns resultados práticos. Praticamente essas secções não terão nada que fazer.

Sr. Presidente: é preciso não andarmos na loa e baixarmos à superfície da terra para vermos as cousas como elas na realidade são, e não criarmos serviços que são verdadeira fantasia.