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Sessão de iB de Agosto de 1924

é, de facto, um oficial que tem estudado e tem grande amor pela Armada, mas permita-me que lhe diga que a meu ver essas suas boas intenções não produzirão os necessários resultados práticos.

Não quero abusar da atenção da Câmara e, se não estivéssemos .no fim da sessão legislativa, mandaria para a Mesa uma nota de interpelação ao Sr. Ministro da Marinha para tratar destes assuntos mais desenyolvidamente.

Tenho dito.

O Sr. Ministro da Marinha (Pereira da Silva):—O ilustre Senador Sr. Procópio de Freitas'tratou de duas questões: uma que respeita à Cordoaria e outra relativamente à.reorganização do Ministério da Marinha.

Quanto à primeira parte devo dizer sinceramente que, se tomei a deliberação de extinguir a Cordoaria, como fábrica, foi porque ela de facto não correspondia às necessidades dos serviços duma marinha moderna, mas isso não significava que as oficinas úteis não continuassem a subsistir, desde que a sua produção fosse vantajosa.

Quando se publicou ò decreto que estabeleceu a autonomia administrativa do Arsenal da Marinha foram as oficinas da Cordoaria consideradas como uma secção da Direcção das Construções Navais e assim ficou estabelecido que as oficinas que dessem rendimento mantinham-se, e aquelas que o não dessem seriam suprimidas; e é nesta conformidade que essa secção está a funcionar.

, Quanto à questão das gratificações fabris, devo dizer que tenho o maior empenho em imprimir ao Arsenal a necessária vitalidade, mas também reconheço que é impossível manter directores e engenheiros no Arsenal sem estímulos.

Dirigi durante quatro anos uma oficina no Arserial.

Sei bem quanto custa a um chefe ou dirigente de fábrica, em cuja oficina entrou todos os dias às 7 horas da manhã para sair às 5 da tarde, sendo' a vida muito mais exaustiva que a dos oficiais quo se encontram nas repartições do Ministério da Mariaha, cuja entrada é ao meio dia e a saída às 5 horas da tarde.

Até hoje não se tem conseguido fixar os engenheiros construtores à fábrica do

Arsenal porque têm remuneração maior cá fora, quer na indústria particular, quer mesmo em oficinas ou fábricas autónomas do Estado.

Digo mais ao ilustre Senador que eu fiz o confronto entre os engenheiros do Arsenal e os directores dos caminhos de ferro do Sul e Sueste» que é também um serviço autónomo do Estado.

Pois um director deste serviço tem vencimentos totais que orçam por três contos e o do Arsenal apenas auferia mensalmente um conto e quinhentos, números redondos.

Eu, realmente, não tive outro empenho senão, como digo, fixar os engenheiros do Arsenal e dar-lhes algum estimulo, tanto mais que eles ficam obrigados a entrar com o pessoal fabril.

Ora, se eu lhes quero impor novas obrigações, só o posso fazer dando-lhes remuneração suficiente, pois até há pouco não eram obrigados ao horário fabril, & certo que no decreto se faz afirmação que é preciso interessar os operários e engenheiros nos trabalhos; mas tratando-se dum estabelecimento do Estado, que é ao mesmo tempo dono e o único freguês, os lucros resultam apenas na maior economia da produção e se se fosse estabelecer uma percentagem artificial de lucros de forma:, global, sucederia que tais lucros seriam divididos por uma forma proporcional às categorias, não se dando assim incentivo aos operários do Arsenal.

Adoptando o sistema das tarefas con-segue-se interessar o pessoal operário na laboração da fábrica de uma forma proporcional ao seu esforço útil, servindo tal sistema de vantajoso estímulo.

S. Ex.a diz que a fábrica do Arsenal não está ainda com a autonomia desejável.

Respondo: tem razão.

Mas os problemas não se podem resolver dum jacto. A minha intenção é industrializar a fábrica do Arsenal de Marinha ligada com outra fábrica também do Estado, permitindo um conjunto de maior capacidade fabril. Por agora fiz o que pude.