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Sessão de 14 de Novembro de 1924

Passam debaixo dela os maiores navios com a máxima facilidade.

O Orador i:—Mas o mais importante, o que poderia de alguma forma fazer com que optasse por qualquer das duas pontes, era se se pudesse obter as sondagens geológicas. -

Não há nada que nos possa indicar qual das duas pontes será mais fácil de construir.

O que é preciso e o que a comissão encarregada desses estudos deve fazer, a meu ver, é obter as sondagens geológicas. Sem isso e sem se saber, realmente, qual o terminus do caminho de ferro do Sul e Sueste, não posso dar um voto consciencioso.

Tenho dito.

O Sr. Carlos Costa: — Sr» Presidente: como tive necessidade de me 'afastar desta sala durante o tempo em que falaram alguns oradores, não sei se irei" repetir alguns argumentos por eles apresentados.

Sou também apologista do desenvolvimento do País'; gosto de o ver prosperar e desejaria que a margem esquerda do Tejo tivesse tanta importância como tem a direita. •

Mas o que não corro é atrás de fantasias e considero uma verdadeira fantasia a proposta que se apresentou para a construção duma ponte com 4:500'metros de extensão.

Nós sabemos muito bem que, se a importância comercial do País exige uma comunicação mais rápida entre as duas margens do Tejo, há variadíssimas' formas de chegar a essa solução untes da ponte.

E essa importância comercial devia-se manifestar por um grande número de barcos entre as duas margens, para transporte de mercadorias.

Fazer uma ponte nas condições indicadas no projecto não tem razão de £er.

Entendo que a Câmara não tem que entrar em pormenores, como, por exemplo, a abertura dos arcos, altura dos tabuleiros, etc. Tudo isso são minúcias técnicas com que o Parlamento nada tem que ver. O Governo deve-se limitar a abrir um concurso para o estabelecimento dum meio de comunicação entre as duas margens,

sem se pronunciar sobre qual ele deva ser.

A questão de construção de uma ponte ó um problema muitíssimo sério. Imagine a Câmara uma ponte com 4:500 metros tendo uma extremidade em Montijo e outra em Xabregas.

Fixa-se a altura de um tabuleiro a 26 metros acima do solo.

(jPregunto como é que se ascende a esse tabuleiro?

Naturalmente com ascensores.

(j Mas o tabuleiro para a viação acelerada, chamemos-lhe assim, a viação dos caminhos de ferro?

Se o primeiro tabuleiro é colocado a 26 metros acima do solo, o segundo deve andar aí por 33 metros ou mais.

,?E sabe a Câmara onde vai parar a ligação desse tabuleiro?

; Vai pouco mais ou menos à Amadora!

Não sou de opinião que se fixe o sistema de transporte entre as duas margens, nem que se estabeleçam estes detalhes de altura, etc. '

Sei que um engenheiro distintíssimo, que ligou o seu nome a problemas importantíssimos para Portugal, que foi o Sr., Miguel Pais, contou com elementos para a construção duma ponte ligando as duas margens do Tejo.

Ó Sr. Álvares Cabral:—Apenas escreveu uns artigos sobre isso, mas não fez projecto nenhum.

' O Orador: — Seria assim. Mas conheço um caso passado na Rússia e que vem a propósito..

Todos sabem que o caminho de ferro entre Moscow e S. Petersburg foi o caminho de ferro que levou mais anos a estudar.

Um dia o pai do último czar da Rússia, com a autoridade que lhe dava a sua situação de czar, preguntou quais eram os pontos que era necessário-ligar. Disseram--Ihe quais eram, ao que ele respondeu:

— Pois então ó esse o caminho de ferro que se há-de construir.

E construíu-se.

Mas aqui nem o autor do projecto é o czar da Rússia, nem nós o podemos fazer.