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Diário da» Sessões do Senado

.Más diante do artista, eu presto-lhe a rainha homenagem.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ramos da Costa: — Sr. Presidente : fui o autor do projecto' em discussão e folgo em ter _ despertado a atenção dá Câmara para a sua discussão e provável aprovação. •

Alfredo Keil foi um músico distinto, um poeta inspirado, um pintor de recur-. sós excepcionais, em suma um artista de elite.

Foi isso que me levou a propor tal homenagem ao homem que levou parte da sua vida a levantar o espírito nacional.

A sua música é música nacional.

Por último compôs A Portuguesa, na ocasião do ultimatum dirigido pelo Governo inglês. Nesse momento o espírito do grande Alfredo Keil elevou-se evfoi assim que, compondo A Portuguesa, ele saiu o cantor do povo.

E pois, uma dívida sagrada a homenagem que prestamos a ,êsse grande português, sobretudo aprovando o Senado por unanimidade o projecto ora sujeito à sua apreciação.

O Sr. Procópio de Freitas : —Sr. Presidente : pedi a palavra para declarar que muito gostosamente dou o meu voto ao projecto em discussão, que pretende prestar uma homenagem ao grande artista que foi Alfredo Keil.

O Sr. José Pontes: -r- Sr. Presidente: pedi a palavra para declarar em meu nome pessoal e no de alguns Senadores, que deste lado comigo convivem, que dou o nieu. voto ao projecto de lei em discussão.

É possível que o Sr. D. Tomás de Vilhena tenha razão nalgumas das considerações que, há pouco, apresentou, mas eu não quero deixar de dizer que Alfredo Keil tem direito ao bronze e ao monumento a que o projecto se refere.

E que A Portuguesa saiu dum grito da alma nacional em época de protesto contra ataques à nossa soberania de povo livre e tradicionalmente colonizador.

A França prestou semelhante homenagem a Rouget de Lisle, que levantou nos

acordes de A Marselhesa o espírito patriótico desse grande povo.

Sr. Presidente:" Alfredo Keil, -como disse o ilustre autor do projecto, o Sr. Ramos da Costa, cantou nas notas'da Portuguesa &. eterna necessidade de Portugal - . ser livre e ser grande.

O homem que soube exteriorizar em notas musicais do seu pensamento a idea do engrandecimento nacional; que conseguiu que a alma popular aprendesse essas notas pelo coração, tem direito a todas as homenagens do Parlamento Português.

E, Sr. Presidente, ao mesmo tempo que fazia vibrar a alma dos bons portugueses, i Alfredo Keil,. sabia marcar, com notas de musica imorredoura, o gosto artístico da nacionalidade com a partitura, da Serrana, tal trabalho, por si, merecia que o seu nome fosse vincado na história de Portugal e merecia o bronze para o seu monumento.

A época de Alfredo Keil marca o início duma época de regeneração para Portagal, que vai desde "o ultimatum, e notabilizou a mocidade académica que fez a Sepública. E se Alfredo Keil nunca pensou como disse o Sr. D. Tomás de Vilhena — qne viesse a República florir em terras de Portugal, não se lhe pode negar a predição vidente de que a República seria a glória deste povo, bravo, rude, mas grande por intuição, valente nas horas difíceis e eternamente trabalhador. • /

A Portuguesa é a alma da Pátria; nela se sente a esperança de melhores dias.

Bem haja Ramos da Costa, português de rija têmpera, que vai a certas épocas da história buscar tais .figuras, estimulando os novos para que trabalhem por um Portugal grande entre os países maiores do mundo.

Muitos apoiados.

O Sr. Afonso de Lemos: — Sr. Presidente : disse o Sr. D. Tomás de Vilhena que não gostava da Portuguesa.

Também houve aqui um governador civil cjiamado Arrobas que não gostava nada da Marselhesa.

Risos.

Se ele hoje existisse talvez não gostasse também da Portuguesa.

E assunto para a história.