O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10

Diário das Sessões ao Senado

vidável Alfredo Keil, que pouco lenbra-do tem sido após a sua ruorte.

Este grande, artista, inspirando-sr no 'sentimento rítmico da música popular, desempenhou um papel predominante com três obras primas: D. Branca, Irene e Serrana, no período áureo da ópera portuguesa, que dos últimos vinte anos do século xix se estendeu até os primeiros do acíuaL

Em todo o scenário destas óperas, nos motivos, símbolos e dramatização transparece o mais elevado patriotismo, que atinge a mais alta expressão heróica no momento em que ele consegu.o traduzir nos acordes iniciais da Portuguesa o orgulho nacional ferido pelo ultimatum de Salisbury.

Portugcl contraiu com Alfredo Keil uma dívida de gratidão que é necessário saldar. ,?Quai a maneira de pagar essa dívida? Revivendo na scena lírica e nas orquestras nacionais a sua admirável obra de maestro, reunindo numa exposição t ada a sua obra de pintor e perpetuando-lhe a memória num monumento adequado ao seu génio musical, mas também digno dum eminente cultor das artes plásticas, frisante e admirável desdobramento de engenho artístico, atestado pelos seus be: los quadros do Museu Nacional.

Um grupo de pessoas da mais alta respeitabilidade constituí u-se em comissão para promover a construção dam monumento numa das praças de Lisboa, cidade que muito amou, ao grande artista, e é de toda a justiça que o Parlamento, legítimo representante do país, concorra para que se leve a efeito uma tem simpática e nobre iniciativa, e por isso tenho a honra de apresentar à consideração de V. Ex.as o seguinte projecto de lei:

Artigo 1.° É o Governo autorizado a auxiliar a construção de um monumento, na cidado de Lisboa, consagrado à memória do grande artista Alfredo Keil, autor do hino nacional A Portuf/.ienu, cedendo u. comissão que se incumbir deste honroso encargo o bronze necessário para as figuras e ornatos do mesmo monumento.

Art. 2.° Fica revogada a legislação em contrário.

Sala das Sessões do Senado

O Sr. Pereira Osório: — O Parlamento honra-se votando este projecto de lei, que representa o. pagamento de uma dívida que o País tem pára com a memória de Alfredo Keil, homem de merecimento extraordinário quer como músico, quer como pintor, cuer como artista.

O Sr. Augusto de Vasconcelos : — Associo-me com muito prazer à votação deste projecto.

Alfredo Keil foi realmente uma notabilidade no nosso meio tam escasso de personalidades artísticas.

.As suas composições musicais, os seus quadros foram sempre apreciados por todos os entendidos nessas divinas artes.

De maneira que, Sr. Presidente, o Senado votando esta homenagem a esse distintíssimo artista honra-se, honrando-o a ele mesmo.

O Sr. Afonso de Lemos: — Sr.-Presidente : não é encarando Alfredo Keil sob o ponto de vista artístico que eu uso da palavra; já o fizeram os oradores que me precederam, os Srs. Pereira Osório e Augusto de Vasconcelos; desejo apenas frisar a circunstância de ser ele o autor do hino que é hoje o hino nacional, a Portuguesa. Como isto se liga a uma página histórica a que tenho a honra de pertencer, como os Srs. Augusto de Vasconcelos, Silvestre Falcão e Pais Gomes, e outros, alguns já falecidos como Martins Figueira, H-igino de Só asa e João de Meneses, não posso ficar calado neste momento.

Todos conhecem a geração académica de 90 e o movimento feito por essa geração, a que eu tive a honra de pertencer como Presidente.

Foi esse movimento académico o primeiro acto contra o Governo inglês por oc£.sião do ultimatum, em que nós fizemos cem.que durante 15 dias não houvesse Governo, chegando Mariano de Carvalho a dizer quo quem devia tomar conta do Governo era a Academia, porque a Academia tix.ha conseguido derrubar o Governo.

Hoive scenas violentas e tiros no Mar-tinho e noutra parte da cidade por esse motivo o