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Sessão de 10 de Dezembro de 1924

zer que lamento tor de entrar no debate político a propósito da declaração ministerial trazida a esta Câmara pelo Governo presidido pelo Sr. José Domingues dos Santos. Faço-o, porém, porque tenho para isso mais de um motivo: não julgo, de maneira nenhuma, banal nem falha de interesse para a Nação a passagem do Sr. José Domingues dos Santos e dos seus colegas pelas cadeiras do Poder.

Além de que, desejo pessoalmente, fazer ver a S. Ex.a como o meu apoio, já anunciado pelo ilustre leader do meu partido, vai ser sincero, visto que, quaisquer que sejam as considerações que eu faça, . S. Ex.a pode contar inteiramente com a minha colaboração, como parlamentar e como amigo.

E ainda, Sr. Presidente, porque desejo dizer a S. Ex.a quê, dando-lhe completo apoio para a realização da sua obra, oferecendo-lhe a minha colaboração no que for possível e prestável, eu tenho necessariamente de me descolar de alguns pontos de doutrina da declaração ministerial, sem que daí resulte enfraquecimento para aquela colaboração que tenho empenho em dar a S. Ex.a

Ao entrar neste debate, encontro-me perante dois documentos importantes: um a declaração ministerial, outro a moção de desconfiança apresentada pelo ilustre leader do Partido Eepublicano Nacionalista, e encontro-me um pouco'dominado— devo dizê-lo com franqueza — por quatro dos discursos proferidos nesta Câmara, chamados de oposição ao Governo.

E digo chamados de oposição ao Governo, porque eles não foram discursos de oposição ao Governo, mas principalmente discursos de ataque ao Partido Republicano Português.

Apoiados.

Foram os discursos dos Srs. D. Tomás de Vilhena; Afonso de Lemos, em nome do seu partido; Aragão e Brito e Procó-pio de Freitas.

Tenho que destacar estes quatro discursos porque não me compete responder a outros discursos.

S. Ex.a o Sr. Presidente do Ministério o fará, e S. Ex.a não precisa coadjuva-ção quando trata de defender os seus pontos de vista.

Destaco esses quatro discursos, porque tenciono aproveitá-los para desfazer um

equívoco em que laboram muitos políticos portugueses e para afirmar os meus pontos de vista especiais, que podiam ser acentuados em qualquer ocasião, mas que melhor o podem ser neste momento.

Poderia haver ainda um quinto motivo para falar neste momento: era para ser leal ao Sr. Tomás de Vilhena.

É que, conhecendo eu a sua maneira de pensar, não pode S. Ex.a contar comigo para a República conservadora, quando S. Ex.a for Presidente da Republica.

O Sr. Tomás de Vilhena: —; Disso está V. Ex.a bem livre! Risos.

O Orador: — Mas eu disse que esses quajro discursos de pretensa oposição ao Governo foram sobretudo discursos de ataque ao Partido Republicano Português.

O Sr. Tomás de Vilhena não me admira que o fizesse, está no seu papel de demolidor.

O Sr. Querubim Guimarães: — Não apoiado!

O Orador: — De demolidor do Partido Republicano Português.

O Sr. Querubim Guimarães : — j Muito pouco forte ó o Partido Republicano Português !

O Orador: — S. Ex.a está no seu papel de demolidor do Partido Republicano Português, em especial, e de tudo quanto for República, em geral.

Mas o Sr. Afonso de Lemos já não tem os mesmos motivos para falar.

Comparadas as .considerações que S. Ex.a fez e afirmou —e é preciso que S. Ex.a o diga e afirme, pára ea -acreditar que concretizou na moção que mandou para a Mesa todo o seu pensamento de diminuir o Partido Republicano Português.

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O Sr. Afonso de Lemos:— Pelo contrário, tive o pensamento de o elevar.