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tíessão de 20 de Janeiro' de 1925

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Que o Governo tem um Presidente democrático, que tem vários Ministros acen-tuadamente democráticos, não há dúvida, mas tem também Ministros que não são democráticos, visto que se trata de um Governo do «bloco».

Mas, mais ainda, tem Ministros que nem sequer pertencem ao «bloco», ou, talvez com mais verdade e propriedade, Ministros muito afeiçoados a partidos que até agora não têm feito parte do «bloco».

Há pouco ouvi com particular prazer o Sr. Vicente Ramos tecer justas homenagens ao Sr. Ministro da Instrução, e ouvi o Sr. Procópio de Freitas dar dois apoiados ao Sr. Vicente Ramos.

O Sr. Procópio de Freitas (interrompendo}:— Parece-me que V. Èx.a está enganado.

O Orador:—É possível, mas creio, que não estou longe da verdade.

Temos o Sr. Ministro da Agricultura.

S. Ex.a não está filiado em partido algum, que_ eu saiba, e é para todos nós uma esperança, porque incontestavelmente é uma pessoa de grande valor.

Apoiados da esquerda.

£ Estão pois Ministros democráticos no Poder?

Estão, mas estão também individualidades que não pertencem a esto partido.

Não preciso chamar detalhadamente a atenção de V. Ex.as para este facto scien-tífico e é que' o «composto» não tem as propriedades dos «componentes».

O Governo ó um composto de actividades, competências e tendências variadas; com características diferentes das do Partido Republicano Português, embora sob a presidência de um ilustre membro deste partido.

'

E um Governo do «bloco», cujo presidente, embora democrático, não tem obrigação, a meu ver, de seguir as indicações do congresso do seu partido, sem que com elas concordem os outros partidos ou agrupamentos parlamentares nele representados.

O Sr. Procópio de Freitas, segundo se afirma, disse que o Governo tinha ido caçar no terreno radical; tinha,ido buscar às ideas contidas na declaração ministe-

rial ao programa do Partido Republicano Radical.

O Sr. Procópio de Freitas: — Como outros governos anteriores.

O Orador:—E possível. Mas vou provar a S. Ex.a e à Câmara, como S. Ex.a neste caso está absolutamente enganado.

Antes de afirmar aqueles pontos de vista, e são poucos e para o Governo inofensivos, ein que sou díscolo do Governo, eu quero dizer as razões que tenho para lhe ser particularmente afeiçoado.

O Sr. Presidente do Ministério na sua declaração ministerial produziu afirmações, com uma tal coragem e decisão que, se mais não houvesse nessa declaração, isso seria suficiente para que eu desse ao Governo todo o meu apoio.

*0 Governo apresentou-se perante nós em primeiro lugar cheio de energia, em segundo lugar com uma completa confiança em si, e eu não compreendo naquelas cadeiras do Poder pessoas que não tenham confiança em si. '

Diz o Governo que as suas declarações, «não constituíam simples afirmações retóricas».

É a maneira de pôr o problema como ele deve ser posto.

O Sr. D. Tomás de Vilhena e o Sr. Procópio de Freitas —os extremos tocam-se— dizem que se o Governo pretender fazer tudo o que afirma tem os seus dias contados, porque o Partido Republicano Português lho dificultará a vida.

Não merece esta injustiça esse Partido.

Nesta Câmara, fui leader deste lado quando governos saídos do Partido Nacionalista tinham o apoio do meu partido, e se esses governos não se sustentaram foi porque, apesar desse apoio, não tiveram força própria para se defender.

Se aqui estivesse o Sr. Barros Queiroz, ornamento dos mais distintos do Partido Nacionalista, se fosse vivo o malogrado António Granjo, qualquer deles diria se não tiveram da minha parte, como tiveram, a mais dedicada e sincera colaboração.