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Sessão de 28 de Janeiro de 1925

Quando se celebrou o tri-centenário tivemos aqui uma série de festas verdadeiramente grandiosas, que deixaram a melhor impressão a todos que a elas assistiram.

Agora não, isto é muito pouco, e Sr. Presidente, faz pena que um acontecimento tam memorável não tenha aquela homenagem que era devida ao vulto extraordinário que celebra.

O orador não reviu.

O Sr. Joaquim Crisóstomo :— Sr. Presidente: concordo plenamente com as considerações expostas pelos Srs. Augusto de Vasconcelos e D. Tomás de Vilhena, quanto à deficiência do programa destinado a comemorar o quarto centenário da morte do glorioso navegador. Vasco da Gama.

Tudo quanto se tem passado em torno desta comemoração é profundamente lamentável.

Nomeada uma comissão encarregada de propor ao Governo o programa dessas festas, a breve trecho o seu presidente considerou a mesma comissão dissolvida porque o Governo, sem haver atendido as indicações por ela formuladas,, elaborou um programa, verdadeiramente deficiente e perfeitamente vergonhoso.

Constam de uma carta dirigida ao jornal Diário de Noticias pelo Sr. Henrique Lopes de Mendonça as razões que levaram a comissão nomeada, à qual alude o Diário do Governo, de 17 do corrente mês, a considerar findos os seus trabalhos.

Pois, Sr. Presidente, a missão dessa comissão composta de verdadeiros portugueses e de homens de grande valor, não devia limitar-se tam somente a elaborar um programa; devia ir mais longe.

(T Mas. que razões teve o Governo para deixar de aceitar as suas razões e elaborar um programa da sua iniciativa?

^ Se o Governo para tal se julgava habilitado para que nomeou uma comissão?

£ Porventura os trabalhos dessa comissão rão são dignos de serem -apreciados, não são dignos de serem atendidos?

Nada disso consta oficialmente.

Vamos agora, Sr. Presidente, a um outro ponto.

Segundo resa a história Vasco da Gama morreu em 24 de Dezembro.

A comemoração de um centenário, não é a comemoração dos anos de qualquer cidadão.

A comemoração de um vulto desta grandeza não é uma festa feita por meia dúzia de amigos para solenizar um caso sem importância.

Isto, quanto a mini. representa uma falta de respeito pelo vulto de maior grandeza da nossa história.

Sr. Presidente: sou, em princípio, contrário a festas públicas, ao manifestações, alvo quando razões de alta importância as justifiquem, e as razões de ordem histórica, nacional e jpátriotica justificam plenamente a celebração do centenário de Vasco da Gama.

Mas essa celebração devia ser feita não a capricho, -ao acaso de um mero acidente mas numa hora religiosamente definida.

E o assunto é tam alto, que não se deve prestar a politiquices. A política tem de ser relegada para um plano secundário, para nos lembrarmos das nossas glórias, uma cousa de que nunca nos devíamos esquecer.

Se nos merece reprovação a atitude do Governo não merece menos reprovação o deixar-se passar o dia próprio para a solenização deste feito.

E, Sr. Presidente, se eu tivesse de ser ouvido para a realização desta festa, desde que eL» se não realizara no dia próprio^ não se realizaria, e o crédito para as festas se o tivesse na minha mão também não o dava.

Mas nós temos sempre de pensar em relação com os acontecimentos, e eles fizeram-me hoje mudar o meu procedimento.

Não posso negar o meu voto a este projecto, porqueestao.no Tejo navios estrangeiros,' representantes de Nações amigas, que nos vieram dar provas da sua consideração pelo nosso País.