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^Sessão de 23 de Janeira de. 1925

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•dução nacional e um factor da moraliza-•ção dos costumes do operariado português.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Herculano Galhardo: — Sr. Presidente : pedi a palavra na ocasião em que o Sr. Silva Barreto se referia às chamadas obras públicas, e ao papel dos operários do Estado na produção dos serviços públicos. E pedi a palavra para praticar um acto de justiça e destruir um pouco, com testemunho meu, a impressão proveniente duma informação, certamente dada na melhor boa fé, por aquele ilustre Senador.

Isto que se diz das obras públicas-e dos operários do Estado, não é de agora. Desde que me entendo ouço dizer que as obras públicas são para não se trabalhar.

Ora eu tive a honra de passar pela pasta do Fomento em 1917. Tive, portanto, o problema na mão. Observei que o mal não estava de modo algum no operariado. E porque isto é verdade justo ó que o digamos. ,

Procurei, para satisfazer aquela opinião que acusava as obras do Estado, concertar-me com o operário para desfa-1 zer essa atoarda, e devo dizer que da parte das comissões que representavam o sindicato, então a'nda não reconhecido, encontrei a maior lealdade.

Devo dizer mais:'dificuldades houve que foram os próprios operários que me sugeriram a madeira de as vencer.

Esses homens disseram-me que uma parte dos operários das obras públicas dificilmente podia trabalhar em empreitadas. E como infelizmente as cousas ainda não estão de modo a que todo o cidadão que trabalha, chegado à altura de o não poder fazer, lhe esteja assegurada a sua existência . . .

O Sr. Augusto de Vasconcelos (interrompendo) : — Como devia estar.

O Orador:—Diz S. Ex.a muito bem. -Mas como isto é assim, havia cerca de duzontos homens que não trabalhavam e que não produziam porque não podiam, e então seria absolutamente desumano lançar esses homens para a morte pela fome.

Respondi à comissão que me procurava : — Não posso, nem nós podemos tomar esses homens por empreitada.

Efectivamente, tendo os operários to-niado o compromisso de trabalharem de empreitada, com a fórmula que eu lhes ofereci, que era justa e não representava exploração, o Ministro teve de olhar para tantos e tantos homens que não trabalhavam porque não podiam.

E que é tempo de nós, que estamos sempre a imitar o estrangeiro, atentarmos no que se passa na grande Inglaterra, onde particularmente os que têm trabalhado e se impossibilitam é que são reformados.

Por mais antipáticos que sejam, por vezes, os movimentos operários, nós temos de reconhecer no operário que trabalha a verdadeira coluna da colectividade.

Apoiados.

Não digo isto só para que a Câmara ouça, digo-o porque é justo.

É errada a atoarda que corre 0 de que as obras públicas não caminham por culpa dos operários.

A Câmara sabe como progrediram as obras da ala direita do edifício do Congresso da República, depois de estabelecido o regime das tarefas em 1917.

Produziu-se mais num ano do que na outra ala em 7 ou 8 anos.

,;E sabe V. Ex.a, Sr. Presidente, quem foi o principal inimigo desta fórmula?

Não foram os operários, não; foram os dirigentes, porque a estes é que não convém as obras de empreitada. Evidentemente que o operário que só tem trabalho para dois dias na semana, distribui esse trabalho por toda a semana.

O engenheiro que dirige o trabalho de empreitada tem de estar constantemente ao pé dos operários, não para fiscalizar, mas para preparar o seguimento das cousas.

E então o que se vê?

E que o operário trabalha com gosto, porque o operário aborrece-se quando tem trabalho na frente e não pode trabalhar.

3 i Estas palavras são de absoluta justiça !

Muitos apoiados.