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Sessão de 23 de Janeiro de 1925

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tram podem passar a fome que passarem que nem uma palavra dizem, com medo de que a sua situação ainda se agrave mais.

De maneira que um bom médico, um bom administrador, como é o Sr. Augusto de Vasconcelos, pode ser também mal informado..

E isto não se dá só nos hospitais, dá-se em toda a parte.

As queixas são às dezenas, e não partem só dos hospitalizados, mas também dos próprios empregados dos hospitais. Até se queixam de que a comida não é boa, tendo de recorrer à comida dos restaurantes e das pessoas de família.

Há muita gente também que é hospitalizada que reclama contra a diversidade de tratamento, pois muitas enfermeiras, em vez de terem o.mesmo carinho o cuidados com -todos os doentes, têm mais cuidados para quem as gratifica.

Não sou eu o único a conhecer estes factos; têm sido relatados mais do uma vez nos jornais, e têm chegado ao meu conhecimento por várias pessoas quo mo merecem toda a consideração.

Ainda há pouco tempo no Hospital Miguel Bombarda / uni indivíduo chamado Tavares, dono dum estabelecimento, por deficiência de alimentação, enfraqueseu bastante, vendo-se a pobre da mãe obrigada a recorrer às pessoas amigas para lhe darem alimentos para levar ao filho, porque, dizia ela, no Hospital Miguel Bombarda não só a comida era insufi-ficiento, como era de péssima qualidade.

É claro que quem se vai hospitalizar não espera um tratamento, nem uma mesa como o Tavares, a Garrett ou o Grande Hotel de Inglaterra:. mas necessita de alimentação, porque ela é um elemento indispensável para o revigoramento das forças.

Portanto, é possivel que o Sr. Ministro do Trabalho, concordando com as considerações do Sr. Augusto de Vasconcelos, diga que já tem feito algumas visitas aos hospitais o que tem encontrado tudo em muito boa ordem.

Creio na sinceridade das palavras de S. Ex.a, se as proferir, mas o que é certo é que quando um Ministro vai a um hospital já os empregados, com vinte e quatro horas de antecedência, sabem que o Ministro os vai.visitar. Têm assim tempo

mais que suficiente para pôr tudo em ordem, a fim do receberem uma visita ofi ciai.

Entendo que essa importância não é suficiente. .

Mas a proposta, repito, devia ser precedida do um relatório elucidativo.

Nele se devia dizer que este dinheiro era tam somente para pagar salários e adquirir material.

Que em matéria de técnica, ela deveria ser feita 'do harmonia com as indicações dadas pela associação dos profissionais.

Mas eu dou o meu voto à proposta e espero que o Sr. Ministro do Trabalho tome na devida atenção as minhas considerações.

O-orador não reviu.

O Sr. Lima Alves:—Também ofereço o meu voto à proposta.

E ofereçô-o porque ela tende a con« cluir uma obra que, a meu ver, não deveria ter sido interrompida, a não ser por casos de força maior.

Em tempos, um Ministro do Trabalho trouxe ao Parlamento uma proposta de lei pela qual eram suspensos os trabalhos para os Bairros Sociais.

Essa proposta de lei foi recebida com muita simpatia, por quási todos os parlamentares. ,

Fui talvez um dos poucos que mostraram o seu desagrado por tal proposta.

Não levei a bem que se suspendesse de momento trabalho tam importante.

Fundamentei o meu modo de ver nos prejuízos que podiam resultar pela deterioração de trabalhos de alta importância.

Um outro Ministro, depois, e esse efectivamente, por necessidade, visto que foi por falta do verba para pagamentos, não suspendeu os trabalhos do Manicómio de Bombarda, mas reduziu-os.

Esses trabalhos ficaram suspensos.

O edifício, já.muito avançado em construção, ficou também em condições de se deteriorar com as intempéries.

Por outro lado, é uma verdadeira necessidade cuidarmos de um hospital daquela natureza.